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sábado, 22 de março de 2014

Os males da chupeta e como ela pode comprometer seu filho para o resto da vida

Ainda na ressaca do carnaval, não sai da nossa cabeça a marchinha “Mamãe Eu Quero”, na qual é sugerida “dar chupeta pro bebê não chorar”. Mas será que este é o método mais indicado – e com menos contraindicações – para acalmar seu filho? Muito se passou entre a data da composição da música (1937) e hoje em dia. E uma dessas mudanças diz respeito justamente à utilização indiscriminada da aparentemente inocente chupeta. Se antes o objeto era usado praticamente sem restrições para acalmar as crianças pequenas e fazer com que parassem de chorar, agora já sabemos que não é bem assim. A dependência da chupeta faz com que o instinto básico de sucção no peito não seja plenamente suprido, assim como as necessidades afetivas do bebê, uma vez que o motivo real do choro silenciado fica sem resposta. Mesmo com esse conhecimento geral, muito pais ainda insistem na prática, seja pela praticidade, seja pela falta de informação de quais são as reais consequências de um uso muito frequente da chupeta. Por isso, separamos os maiores malefícios desse costume, e como ele pode atrapalhar a vida de seu filho para o resto da vida: 5. O hábito de chupar chupeta interfere negativamente sobre a amamentação Pesquisas científicas comprovam que as crianças que param de mamar antes usam chupeta com mais frequência do que aquelas que são amamentadas por um período maior de tempo, sugerindo uma relação entre esses dois fatos. Além disso, a sucção feita em um bico artificial leva à perda da tonicidade e a alteração dos músculos da face (principalmente dos lábios e da língua), o que acaba confundindo a criança e a leva a não ser mais capaz de mamar o peito da mãe da maneira correta. Também existem evidências de que o uso de chupeta diminui a produção de leite da mãe, uma vez que o bebê procura menos pelo peito. Esse fato pode até mesmo interferir no ganho de peso da criança. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças é um dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno, uma cartilha elaborada pela Unicef em parceria com a Organização Mundial da Saúde e recomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil. 4. Seu uso causa deformações na estrutura óssea da boca e do rosto Como já indicamos no tópico acima, o costume de chupar chupeta acaba causando deformações no desenvolvimento das estruturas da boca e do rosto, intimamente ligadas ao esforço repetitivo e artificial imposto pela chupeta. O lábio superior da criança pode ficar encurtado, enquanto o lábio inferior pode se tornar flácido e virado para fora. Outras modificações como a pele do queixo mais enrugada ou a língua menos tonificada alteram a fisiologia da região da mandíbula. De acordo com a cirurgiã-dentista especialista em odontopediatria, Andréia Stankiewicz, os ossos da face crescem de forma desarmônica, enquanto as arcadas e os ossos nasais sofrem estreitamento e desvios (como o desvio de septo). “Isso também prejudica as funções de deglutição, mastigação, fala e respiração, se tornando um obstáculo mecânico à cura de uma série de patologias, especialmente as ‘ites’: rinite, sinusite, amidalite, bronquite, etc”, conta. Outra afetada, segundo Andréia, é a mandíbula, que mantém a posição do nascimento, ou seja, o queixo não cresce, prejudicando a estética e a fisiologia. Segundo pesquisa brasileira de 2006, as crianças com hábitos de chupar chupeta ainda apresentam 12 vezes mais chances de desenvolver problemas de mordida do que crianças sem esse hábito. E mais de 70% dos bebês acostumados com a chupeta apresentam algum tipo de problema de mordida, como mordida cruzada, profunda, etc. 3. Mito: a chupeta não é menos nociva do que o dedo Existe um consenso falso de que a chupeta é uma alternativa melhor para os bebês do que chupar os próprios dedos. Apenas 10% das crianças chupam o dedo prolongadamente, enquanto entre 60 e 82% chupam chupeta e 4,1% associam os dois hábitos. Não que os 10% estejam certos, mas o que surpreende aqui é que uma significativa maioria dos pais acha que está fazendo a coisa certa nessa substituição – mas não está. “Ao contrário do que se costuma acreditar, porém, os danos causados pela sucção prolongada do dedo ou da chupeta são bem semelhantes”, afirma a cirurgiã-dentista. O dedo, no entanto, ainda sai na frente porque se assemelha mais ao peito, tem calor, odor e consistência mais parecidos com o do mamilo e fica praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade bucal do bebê. “O bebê chupa o dedo desde a barriga, durante o seu desenvolvimento, e especialmente nos períodos de desconforto e irritação provocados pelo nascimento dos dentes. Nessa fase devemos proporcionar variedade de estímulos, como alimentos de consistência dura, mordedores, além de brincadeiras diversas, atenção e carinho, a fim de que o hábito cesse espontaneamente”, aconselha Andréia. A persistência do hábito de chupar o dedo, porém, não é frequente em crianças bem amamentadas: mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não apresentam esses hábitos, acrescenta a dentista. 2. A chupeta força a respiração pela boca, que causa diversos problemas de saúde Aprendemos desde cedo que devemos respirar sempre pelo nariz, onde o ar é devidamente filtrado e entra em nosso organismo de maneira correta. O costume de se chupar chupeta, contudo, favorece a respiração errada, pela boca. E isso acaba ocasionando diversos problemas mais para frente na vida da criança. Começando pelo mais direto. Uma vez que o ar inspirado não passa pelo processo de filtragem, aquecimento e umedecimento ao qual é submetido se inspirado pelo nariz, o sistema respiratório acaba se tornando mais suscetível a doenças em geral. A respiração bucal também ocasiona alterações físicas, problemas nutricionais e de crescimento, alterações fonoaudiológicas e do sono, como ronco, apneia, pesadelos, terror noturno, enurese noturna (o famoso “xixi na cama”) e bruxismo, além de problemas na arcada dentária (principalmente no encaixe da mordidas), desvios ortopédicos e posturais. A cirurgiã-dentista Andréia Stankiewicz ainda completa que problemas comportamentais e emocionais, como problemas de aprendizado, distúrbios de ansiedade, impulsividade, fobias, agitação, cansaço, hiperatividade e baixa autoestima também podem ser desenvolvidos pela criança acostumada à chupeta devido à má respiração. 1. Hábitos antigos são difíceis de perder Ok, compreendi que a chupeta não faz tão bem para o meu filho quanto eu pensava. Mas agora ele já está acostumado a ela… O que fazer? Outro fator complicador nessa história é o fato de que, uma vez que o bebê “pega” a chupeta, não é fácil para ele se livrar dela. “A remoção repentina ou abrupta da chupeta pode gerar efeitos psicológicos complexos e difíceis de mensurar, e pode levar à substituição por hábitos de sucção do dedo, do lábio ou da língua, de roer unhas ou outros”, informa Andréia. No decorrer da vida, os hábitos podem ser substituídos por comer demais, fumar ou outros transtornos compulsivos. E seu efeitos são observados desde cedo. A solução? “A necessidade de sucção do bebê deve ser suprida no peito”, defende ela. “A amamentação deve ser realizada de forma exclusiva até os 6 meses e continuada até os 2 anos de idade ou mais. A decisão de introduzir ou não chupeta é da família, mas cabe aos profissionais oferecerem aos pais subsídios para que tomem uma decisão consciente e informada a esse respeito”, conclui. Os cinco tópicos discutidos aqui são apenas as características mais marcantes e principais consequências do uso prolongado da chupeta em bebês e crianças. No entanto, há muito mais, desde o prejuízo à correta maturação funcional do sistema que engloba as estruturas bucais ligadas à mandíbula, passando pelo refluxo do conteúdo alimentar presente no estômago para o esôfago. Existem também preocupações relativas às chupetas em si, como a inexistência, no mercado, de bicos anatomicamente comparáveis ao bico do peito. Se você quiser se aprofundar ainda mais no assunto, clique aqui. [Comunidade AMS]

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