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sábado, 22 de março de 2014

Maioria dos rios brasileiros tem baixa qualidade, aponta estudo

Estudo divulgado nesta quarta-feira (19) pela organização SOS Mata Atlântica analisou a qualidade da água de 96 rios, córregos e lagos de 7 estados das regiões Sul e Sudeste e aponta que 41% desses cursos d’água foram classificados como ruins e péssimos. Apenas 11% dos rios e mananciais mostraram boa qualidade – todos eles localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas. As principais fontes de poluição e contaminação, segundo a ONG, são decorrentes da falta de tratamento de esgoto doméstico, produtos químicos lançados nas redes públicas e da poluição proveniente do lixo. Em São Paulo, foram feitas 34 coletas em rios das 32 subprefeituras da cidade. O levantamento apontou que em fevereiro deste ano 23,53% dos rios tinham qualidade péssima, 58,82% estavam com qualidade ruim e 17,65% tinham qualidade regular. Nenhum rio teve índice bom ou ótimo. A qualidade do Lago do Ibirapuera foi classificada como ruim, assim como a água da represa Billings, na região de Cidade Ademar. Outros nove cursos d’água, como o Rio Tamanduateí, no trecho da Sé, o Riacho Podre e o Córrego do Oratório, na Vila Prudente, tinham qualidade péssima. No Rio de Janeiro, foram analisados 15 pontos de coleta também em fevereiro e 100% das amostras eram ruins e regulares. A água dos canais do Jockey, no Jardim Botânico, e do Mangue, na Vila Isabel, do Rio Comprido, no bairro de mesmo nome, e do Rio Joana, na Vila Isabel, foi classificada como de qualidade ruim. Os córregos e rios da capital fluminense desaguam diretamente no mar. Em alguns casos, a água passa por um tratamento prévio antes de se encaminharem para emissários submarinos, que também lançam os efluentes no oceano, mas longe da costa. “Os dados têm o principal objetivo de alertar para que coloquemos a água numa agenda estratégica para a sociedade e para os governantes. Para que o assunto vire pauta das eleições para criação de políticas públicas”, disse Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica. Evolução na preservação – O estudo fez uma comparação entre 2010 e 2014 de 88 pontos em 34 cidades de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o relatório, o número de rios de qualidade péssima caiu de 15 para 7 no período; cursos d’água classificados como bom eram 5 e agora são 15; pontos analisados que tinham classificação regular caíram de 50 para 37. No entanto, a quantidade de rios de qualidade ruim subiu de 18 para 29. “Não é que aumentou o ruim. Tivemos a diminuição da quantidade de classificações péssima”, disse Gustavo Veronesi, um dos organizadores do levantamento. Água para o Sistema Cantareira – Na coletiva, a porta-voz da SOS Mata Atlântica comentou sobre a reunião entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a presidente Dilma Rousseff, que debateu uma possível transposição do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba. Alckmin se reuniu com Dilma em Brasília e pediu que a água do rio, que é interestadual, fosse despejada no Sistema Cantareira, que está em estado crítico devido à escassez das chuvas. A medida depende da autorização Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo Malu, o assunto da transposição já está em debate há 8 anos e é considerado um método arriscado para sanar o problema de falta de água. Para ela, isso “não deve ser discutido no gabinete da presidente, mas sim com os integrantes das bacias hidrográficas”. Ela compara o risco de transpor o Paraíba do Sul ao que aconteceu quando a represa Billings foi criada. Segundo Malu, canais do Rio Tietê foram desviados para formar o reservatório, que ajuda na geração de energia da Baixada Santista, mas acabou “matando o Rio Pinheiros, que agora recebe muito esgoto”. Guerra pela água – Toda essa discussão, segundo ela, faz com que o Brasil e a Região Metropolitana de São Paulo sejam vistos por organizações internacionais como um dos locais com alto potencial de conflito pelo uso da água. “Essa disputa entre Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo e Minas Gerais faz com que cada gota da água seja preciosa”, explica. Sobre a viabilidade do projeto de transposição do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira – que receberia investimentos para construção de canais e túneis para passagem da água – Malu Ribeiro disse que é preciso avaliar a viabilidade do projeto com um estudo de impacto ambiental. (Fonte: G1)

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