sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Mudanças climáticas: uma questão de educação
Pedagogos ambientais pesquisam maneiras mais eficientes de transmitir informações ambientais. O tema deve ser abordado em cursos universitários, escolas e na formação de jornalistas.
Todo mundo discute as mudanças climáticas. Muitas notícias tratam desse tema, que também é considerado uma das grandes questões da política ambiental desta década. Pelo menos essa é a impressão que ficou após as últimas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2012, no México, de 2011, na África do Sul, e de 2012, no Catar.
Porém, uma pesquisa realizada pela Comissão Europeia revelou que essa impressão não condiz com a realidade. Os resultados indicaram que um quarto dos europeus são céticos com relação às mudanças climáticas. Além disso, quase metade dos entrevistados não se considera bem informado sobre o aquecimento global.
“Em geral, há um conhecimento superficial. Quando se trata de um tema específico, a maioria da população sabe pouco sobre o assunto”, conta Udo Kuckartz, professor de Pedagogia da Universidade de Marburg. “Precisamos de novos modelos educacionais para tratar das questões climáticas e abordagens que transformem conhecimentos em atitudes pró-ambientais.”
Da teoria à prática – Kuckratz, um dos pesquisadores sobre consciência ambiental mais conhecidos da Alemanha, levanta a seguinte questão: Qual é o método didático mais eficiente para se abordar a mudança climática com o objetivo de gerar ações a favor do meio ambiente? Pedagogos e psicólogos do mundo inteiro trabalham em pesquisas nessa área.
A mudança climática é um novo campo de investigação. A maioria das pesquisas parte do seguinte princípio: descobrir quais são os modelos didáticos utilizados atualmente para tratar dessa questão e quais deles mostram-se eficientes em escolas e cursos de graduação e pós-graduação.
Segundo Gerhard de Haan, professor de Pedagogia da Universidade Livre de Berlim (FU Berlin), a maioria dos cursos que abordam a temática é de formação profissional complementar, voltada para adultos.
De Haan destaca a eficiência de bolsas para pesquisa, como as concedidas pela Fundação Humboldt a pesquisadores de países emergentes e em desenvolvimento. Através desse programa, os bolsistas podem trabalhar por um ano em projetos energéticos e climáticos em universidades alemãs. “Essas ações são muito eficientes, pois focam em multiplicadores e são voltadas para o lado econômico. Fundações, empresas e governo deveriam oferecer mais bolsas como essa”, diz.
Vários grupos de empresas já financiam pesquisadores. “Tem muita coisa acontecendo no momento”, diz Kuckartz. Além disso, há iniciativas governamentais, como na Dinamarca. Por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de Copenhague, em 2009, o governo distribuiu bolsas de estudo para estudantes estrangeiros em áreas como tecnologia eólica, engenharia e química ambiental.
Novos programas de estudo – Kuckartz observou que na última década foram criados vários cursos universitários com foco em temas como clima e energia. “Entretanto, a maioria deles é nas áreas de ciências naturais ou administração ambiental. Cursos com conteúdos sociais quase inexistem.”
Há também um déficit nas escolas. “Educação ambiental é um tema tratado, principalmente, nas aulas de geografia e não em outras disciplinas, como biologia, política e ciências sociais”, explica De Haan. Além disso, o conteúdo ambiental não faz parte da grade curricular dos cursos de formação dos futuros professores. Posteriormente, os docentes decidem se abordarão ou não o tema em suas aulas.
Existem, entretanto, algumas iniciativas regionais. É o caso do programa de formação complementar Coragem para a Sustentabilidade, financiado pela Unesco. Esse projeto foi desenvolvido por um grupo de fundações em parceira com o governo federal alemão e é oferecido aprofessores dos estados de Hessen, Sarre e Renânia-Palatinado. Mas a oferta ainda é pequena. “Apenas 5% das escolas são alcançadas pela iniciativa”, diz Kuckartz.
Formação de jornalistas: EUA como modelo – A falta de conhecimento sobre questões relacionadas ao meio ambiente também atinge outros setores. Os meios de comunicação de massa são os principais fornecedores de informação sobre o clima. No entanto, na Europa faltam disciplinas sobre esse tema nas grades universitárias para os estudantes de jornalismo.
Já nos Estados Unidos, há vários cursos de jornalismo ambiental. Também são frequentes os debates especializados sobre o tema. Há ainda atores internacionais relevantes na área, como a Sociedade de Jornalistas Ambientais (SEJ, na sigla em inglês), que foca na questão de como produzir melhores matérias sobre clima e meio ambiente.
Porém, o jornalismo europeu parece estar se mexendo, dedicando-se com cada vez mais frequência aos temas clima e sustentabilidade. Grandes eventos deram um novo sentido à temática, como o Global Media Forum da Deutsche Welle de 2010 – voltado à formação de jornalistas sobre as mudanças climáticas. (Fonte: Portal Terra)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário