segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Eventos climáticos extremos se intensificam
O ano de 2012 provavelmente ficará na história como um período de eventos climáticos extremos, tendência que tem se mantido nas primeiras semanas de 2013.
A China vem enfrentando o pior inverno dos últimos 30 anos; a Austrália sofre com queimadas por todo o país e teve nos quatro últimos meses de 2012 os mais quentes da sua história; o Paquistão foi inundado por enchentes inesperadas em setembro; o Brasil teve uma de suas primaveras mais quentes e, nos EUA, o último ano teve a temperatura média mais alta na parte continental.
“Todo ano temos tempo extremo, mas é estranho ter tantos eventos extremos ao redor do mundo de uma só vez”, disse Omar Baddour, da Organização Meteorológica Mundial.
No Brasil, ainda não há dados consolidados sobre a temperatura média do ano passado, mas, para Jose Marengo, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os dados até agora apontam uma situação parecida com a dos EUA. “Em 2012, especialmente a partir de setembro, batemos recordes de temperatura.”
No âmbito mundial, as temperaturas foram altas também. Estimativas da Organização Meteorológica Mundial mostram que, entre janeiro e outubro de 2012, a temperatura média foi cerca de 0,5º C acima da média do mesmo período entre 1961 e 1990, o que deve levar o ano passado a ser o oitavo ou nono mais quente desde 1850.
Poderia ter sido pior, mas o ano começou com a presença do fenômeno climático La Niña, que provoca um resfriamento anormal no oceano Pacífico tropical. A média de temperatura registrada nos três primeiros meses do ano foi a menor desde 1997.
Marengo destaca a onda de calor que atingiu o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil entre 28 e 31 de outubro como um dos evento mais surpreendentes de 2012. A temperatura na capital paulista chegou a 36,6º C no dia 30. “Essas temperaturas não são esperadas na primavera.”
No plano mundial, segundo o pesquisador, o efeito do furacão Sandy sobre a cidade de Nova York no fim de outubro foi bastante marcante.
“Em um país que está tão preparado para as mudanças climáticas, com sistemas de alarmes e abrigos, o furacão parou sua cidade mais importante. Isso mostra que ninguém está preparado para um evento extremo.”
Aquecimento global – Para Baddour, o aumento da frequência dos eventos extremos é um sinal de que a mudança climática não virá só na forma de aumento das temperaturas e sim como anomalias intensas e desagradáveis.
Mas, segundo Marengo, é difícil dizer qual é o peso da atividade humana nesses acontecimentos.
“O que é possível dizer hoje é que existe um componente humano nos eventos climáticos. O que não foi demonstrado ainda é o tamanho desse impacto”.
Para este ano, o pesquisador espera anomalias de temperatura nos chamados meses de intervalo, como maio e outubro. “No ano passado tivemos um maio muito frio e uma onda incrível de calor em outubro.” (Fonte: Folha.com)
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