Em 2010, a região amazônica passou por uma seca que levou os rios a baixarem de forma inédita. Os efeitos sobre o transporte fluvial e outros aspectos da vida dos moradores locais foram sentidos imediatamente, e agora começam a sair avaliações científicas sobre o que esse fenômeno climático pode ter causado na maior floresta tropical do mundo.
Pesquisa a ser publicada na edição desta sexta-feira (4) da revista “Science” conclui que a seca do ano passado na Amazônia teve uma extensão maior e deve levar a uma maior emissão de carbono na atmosfera que a de 2005.
Usando dados pluviométricos de uma década e tomando como referência a seca de 2005, os autores geraram um mapa que mostra que, em 2010, em 57% da floresta amazônica houve menos chuva que o normal. O índice é maior que o de 2005, quando em 37% da região ocorreram menos chuvas.
Com base nesse dado, os cientistas calcularam ainda a emissão de carbono que a mortalidade de árvores causada pela seca pode provocar, e chegaram à conclusão de que 2010 também tem indicadores piores que 2005.
Como resultado, em ambos os anos, a Amazônia, em vez de retirar carbono da atmosfera, ajudando a conter as mudanças climáticas, passou a lançar esse elemento no ar, devido à decomposição das plantas mortas, de modo a contribuir para o aquecimento global.
“Se os eventos de seca continuarem, a era de uma Amazônia intacta armazenando o aumento no dióxido de carbono atmosférico pode ter acabado”, diz o artigo. “A seca de 2005 foi tida como um evento que acontece a cada cem anos, mas tivemos outra pior cinco anos depois”, aponta Paulo Brando, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Woods Hole Research Center, um dos autores. Ao lado de Brando, participaram da pesquisa Simon Lewis e Oliver Philips, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, Geertje van der Heijden, da Universidade se Sheffield, também no Reino Unido, e Daniel Nepstad, do Ipam.
(Fonte: Dennis Barbosa/ Globo Natureza)
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