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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Novo tipo de mosquito dificulta combate à malária

Cientistas encontraram na África um tipo até agora desconhecido de mosquito, e disseram que ele pode complicar ainda mais os esforços de combate à malária.

Os insetos foram recolhidos por cientistas franceses em lagos de Burkina Faso (oeste da África) e foram identificados como um subtipo da espécie Anopheles gambiae. Segundo os especialistas, o mosquito é altamente suscetível a hospedar o parasita da malária e, por se instalar fora das casas, o controle é mais difícil.

Responsável pela descoberta e membro da Unidade de Hospedeiros, Vetores e Patógenos do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, Ken Vermick disse que não foi possível quantificar os casos de malária causados por essa subespécie, mas que ficou evidente que esses mosquitos têm uma “excepcional preferência por sangue humano (…), e são abundantes na população”.

“O que podemos dizer é que é improvável que eles sejam inofensivos”, acrescentou Vermick.

A malária é uma doença letal, que ameaça até metade da população mundial. A maioria das vítimas são crianças menores de cinco anos, em países pobres da África Subsaariana.

A Organização Mundial da Saúde afirma que houve avanços no combate à doença na última década, reduzindo o número de mortes de quase 1 milhão em 2000 para 781 mil em 2009.

Num estudo publicado na revista “Science”, a equipe francesa conta que o mosquito recém-identificado, apelidado de Goundry – nome de uma aldeia próxima à área da descoberta -, não se parece com nada visto até agora.

Isso se deve ao fato de que, em geral, os mosquitos estudados são capturados dentro de residências, onde é mais fácil apanhá-los.

“Alguns estudos esparsos ao longo dos anos sugerem que a população de vetores não estava só em interiores”, detalha Vernick, explicando por que sua equipe decidiu capturar insetos em ambientes externos.

Após localizar o novo subtipo, a equipe cultivou novas gerações em laboratório e descobriu que o mosquito é mais suscetível ao parasita da malária do que os tipos que vivem dentro das casas.

Isso sugere que o Goundry pode ser bastante recente em termos evolutivos, segundo Vernick, e que talvez tenha evoluído para se adaptar ao ambiente externo de modo a resistir às medidas de controle dentro das casas – como o uso de inseticidas e mosquiteiros.

“O parasita é mais esperto do que todos os imunologistas que o estudam (…), e o mosquito é mais esperto que todos os biólogos (especialistas em) vetores que o estudam”, completa Vernick. “Não é uma briga justa.”

(Fonte: Folha.com)

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