É completamente destituída de fundamento a principal base de argumentação dos defensores de uma visão regionalista dos problemas ambientais. Na defesa da criação de códigos de reflorestamento estaduais – a exemplo do que aconteceu em Santa Catarina –, eles cometem um erro crasso.
Dividem o meio ambiente por unidades da Federação. Ora, o meio ambiente se divide por biomas, não por localidades.
Como, então, tratar o mesmo bioma de formas diferentes? Ou segundo visões regionais? Isso não faz sentido.
Falta, portanto, amparo lógico para a proposta de criação de um código florestal em cada estado. E falta dignidade a propostas como esta do deputado Atayde Armani propondo a criação de uma Frente Parlamentar Estadual de Reformulação da Legislação Florestal/Ambiental.
Trataremos desse absurdo mais à frente deste comentário. Por enquanto, vamos nos ater à falta de lógica dos defensores de um código florestal capixaba.
Não é de um código florestal local que o meio ambiente capixaba está precisando. O que precisa ser feito é uma atualização desse diploma legal. Uma atualização para manter o Código Florestal em dia com a realidade dos fatos.
Exatamente como pontuou, quando ainda estava no exercício do mandato de senador, o governador Renato Casagrande (PSB), que vê na flexibilização de leis ambientais, conforme propõe a bancada ruralista em Brasília, a abertura de caminhos para mais desmatamentos no Espírito Santo.
Mas é pelo caminho da flexibilização das leis que os apoiadores capixabas do agronegócio se guiam quando defendem a criação de um código florestal capixaba. Será que eles não percebem os riscos de mais desmatamentos no Espírito Santo com esse tipo de insensatez?
É claro que percebem. Apenas são imediatistas e por isso fecham os olhos a esta dura realidade.
Numa Assembléia Legislativa historicamente desligada das questões ambientais do Estado, como a nossa, um desses arautos do ambiente como fonte de dinheiro fácil, o deputado Atayde Armani, chegou ao absurdo de propor a criação de uma Frente Parlamentar Estadual de Reformulação da Legislação Florestal/Ambiental.
É incrível! Esse cidadão defende essa idéia absurda como manifestação de apoio à agricultura. Mas qual agricultura? A agricultura que só degrada, enriquece os grandes grupos transnacionais e empobrece as populações tradicionais do Estado?
Uma proposta desse nível, num Legislativo estadual decente, seria desmoralizada, reduzida a pó. Mas aqui ela não recebe uma única crítica. Nenhuma voz se levanta para protestar.
É realmente lamentável que representantes do povo se transformem em porta-vozes de interesses de um grupo empresarial sabidamente contrário ao bem-estar da população, como esta Fibria (ex-Aracruz), e ainda façam pose de bons moços.
http://www.seculodiario.com.br/exibir_not_coluna.asp?id=3511
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