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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

HIV está ganhando diversidade genética no Brasil

Pesquisadores descobriram uma variabilidade genética do vírus HIV em crianças maior que a apontada em estudos anteriores, feitos com adultos. Os resultados sugerem que o perfil da epidemia está mudando no Brasil, o que pode ter implicações tanto na produção de testes de diagnóstico como em pesquisas que visam ao desenvolvimento de vacinas. "Existem dois tipos de vírus que causam a Aids, o HIV-1 e o HIV-2. O tipo 2 é praticamente restrito ao continente africano. Já o tipo 1, que prevalece no resto do mundo, se divide em vários grupos, sendo os principais M, N, O e P. O grupo M é o que causa a grande epidemia que conhecemos, mas ele também se divide em diferentes subtipos," explica o professor Esper Kallás, um dos autores da análise. "Há ainda as formas recombinantes do vírus, que é a mistura de dois subtipos," completou. Variabilidade do HIV Estudos anteriores haviam mostrado que o subtipo B é o mais prevalente no Brasil e em toda a América e Europa. Nesta nova amostragem, recente feito com pacientes entre 4 e 20 anos, apenas 52,4% apresentaram o subtipo B. Quase 40% dos jovens estavam infectados com o subtipo BF1 mosaico - uma mistura genética dos subtipos B e F1. Outros 9,5% apresentaram o subtipo F1. Todos os casos eram de transmissão vertical do vírus, ou seja, a infecção ocorreu durante a gestação, parto ou amamentação. "Como essas crianças, em geral, contraíram o vírus há menos tempo que os adultos, há cerca de 11 anos em média, nossa hipótese é de que os vírus circulantes no Brasil estão ganhando diversidade genética. E essa é uma fotografia de uma transmissão que ocorreu há mais de uma década. Hoje a variabilidade pode estar ainda maior", disse Kallás. Recombinação viral De acordo com os pesquisadores, o aumento na variabilidade genética do HIV pode ser explicado por dois principais fatores. O primeiro é a constante batalha com o sistema imunológico do hospedeiro, que exerce uma pressão para que o vírus se modifique para escapar do ataque. O segundo fator é a ocorrência de infecções mistas. "Pode acontecer de uma pessoa contrair em uma mesma exposição os subtipos B e F, por exemplo. Mas também é comum que uma pessoa já infectada por um subtipo viral tenha uma nova exposição e contraia um subtipo diferente do vírus e ocorra a recombinação dentro do organismo", contou Kallás. O uso de preservativo entre parceiros soropositivos é fundamental para evitar que ocorram infecções mistas e também que um deles contraia uma forma viral mais resistente aos medicamentos hoje utilizados, disse o infectologista. Agência Fapesp

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