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sábado, 16 de novembro de 2013

Especialistas alertam para ocorrência maior de ciclones violentos

Os meteorologistas ainda precisam vincular formalmente o aquecimento global à ocorrência de tufões como o que devastou as Filipinas, mas eles esperam uma incidência crescente de fenômenos climáticos extremos, devido ao aumento das temperaturas dos oceanos. O rastro de morte e destruição deixado na passagem do supertufão Haiyan esteve na ordem do dia de uma nova rodada das negociações climáticas das Nações Unidas, iniciada nesta segunda-feira na Polônia, enquanto as autoridades filipinas advertiram que cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido nesta que já é considerada uma das piores catástrofes ambientais da História. O Haiyan – tufão mais potente já registrado a tocar terra – varreu as Filipinas na sexta-feira, dias antes da abertura de 12 dias de negociações climáticas em Varsóvia, em meio a uma série de alertas sobre um aquecimento do clima potencialmente desastroso, com a ocorrência crescente de fenômenos climáticos extremos. “Existe uma tendência de aquecimento (dos oceanos) e o aumento na intensidade de furacões é parte do risco”, afirmou Herve Le Treut, professor universitário em Paris e climatologista. Tufões, furacões e ciclones são nomes diferentes dados ao mesmo fenômeno climático potente, de acordo com a região que afeta, mas os meteorologistas usam o termo genérico “ciclone” quando falam de forma abrangente sobre essas supertempestades. Em setembro, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), atendendo a uma demanda das Nações Unidas para fazer avaliações científicas sobre os riscos das mudanças climáticas, concluiu em um relatório que é “virtualmente correto que a superfície do oceano esquentou entre 1971 e 2010″. Estima-se que as temperaturas tenham aumentado em cerca de 0,1 grau Celsius por década até 75 metros de profundidade e mais ainda a uma profundidade um pouco maior. Os meteorologistas acreditam que a superfície dos oceanos também tenha ficado mais quente na primeira metade do século XX, mas ainda se discute se o aumento das temperaturas dos oceanos é causada pelo homem ou por mudanças naturais no planeta. Para Fabrice Chauvin, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Meteorológica francês, não existiam satélites para rastrear ciclones antes dos anos 1970, o que dificultava a realização de estudos detalhados sobre o fenômeno. No entanto, em 2007, o IPCC alertou ser “provável” que ciclones se tornassem mais intensos e provocassem mais chuvas do que antes. Os ciclones são formados a partir de simples tempestades com descargas elétricas em algumas épocas do ano, quando a temperatura do mar fica acima dos 26 graus Celsius até uma profundidade de 60 metros e extraem sua energia do calor. Chauvin explicou que temperaturas mais elevadas na superfície dos oceanos criariam uma fonte maior de energia térmica para os ciclones. “Consequentemente, haveria uma tendência de haver ciclones sutilmente mais violentos”, afirmou, destacando, entretanto, que modelos climáticos gerados por computador preveem menos supertempestades no futuro. Steven Testelin, meteorologista especializado em previsão do tempo no serviço climático francês Meteo-France, acrescentou que o aquecimento dos oceanos está “longe de ser uniforme”. “Alguns mares se aquecem mais rápido do que outros, o que pode levar a ciclones mais intensos em algumas áreas”, afirmou. As negociações climáticas das Nações Unidas em Varsóvia visam a trabalhar por um acordo para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta a ser assinado em 2015, em Paris, e o Haiyan foi o tema dominante da sessão inaugural, nesta segunda-feira. Em um apelo emocionado aos delegados, o negociador climático das Filipinas, Naderev Sano, prometeu fazer greve de fome durante as negociações até que haja um avanço concreto na direção do combate às mudanças climáticas que ele responsabiliza pelo tufão que castigou sua cidade natal. “O que meu país tem sofrido como resultado deste evento climático extremo é insano. A crise climática é insana. Podemos deter esta insanidade bem aqui, em Varsóvia”, declarou. “Falo pelas incontáveis pessoas que não vão mais poder falar por si próprias”, concluiu. (Fonte: Terra)

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