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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Novo radar vai melhorar vigilância da floresta na Amazônia

O sistema de vigilância do desmatamento em tempo de real na Amazônia, o Deter, vai ganhar um reforço. Até o fim do ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, vai colocar um radar em operação para detectar as áreas com mais precisão. Isso quer dizer também que a cobertura de nuvens não irá mais restringir o trabalho de monitoramento. O radar vai a bordo do Alos 2, que será lançado pela agência espacial japonesa, Jaxa, parceira do Brasil. E vai trabalhar com uma frequência chamada Banda L, adequada para a detecção do início do desmatamento. A promessa é de controlar 90% das áreas de risco de degradação. Segundo Dalton Valeriano, coordenador do sistema, o Deter oferece atualmente dados ao Ibama com uma margem de erro menor que 10%. O Deter começou a operar em 2004 e os sensores utilizados desde então já estão obsoletos. “O satélite tem uma resolução fixa de 250 metros de distância. Caso ele tente fazer mais que isso, há uma perda total da qualidade das imagens. Por isso, resolvemos utilizar o radar”, disse. O radar capta mais áreas de desmatamento e de degradação, pois sua capacidade não se limita com o aparecimento de nuvens. No caso do satélite, a vigilância é feita com clareza em épocas de seca. Quando chove, o controle é mais difícil e o processo de entrega da relação de dados é mais longo. O atraso também influencia negativamente qualquer tentativa de controle do desmatamento. Avanços tecnológicos – O sistema de vigilância em tempo real orienta a fiscalização na Amazônia. Desde sua criação, ele contava com um satélite de imagens compostas – chamado de mosaico Modes – de difícil precisão, por captar todas as sombras de nuvens ao redor da possível área desmatada. Em 2005, o Deter passou por uma evolução. O satélite contava com um sensor de imagens de reflectância. O tempo entre a última análise e confecção do relatório oficial entregue para o governo passou a ser de um mês. A partir de 2008, entrou em ação o sensor Rapid Respost, usado pela Nasa para a captação de queimadas. Com esse tipo de tecnologia, o relatório de imagens registradas está sempre disponível no mesmo dia – e o tempo de entrega dos dados para a análise do Ibama reduziu pela metade. Desde 2011, a seleção das melhores imagens e os relatórios finais do Inpe são entregues no mesmo dia. “O sistema melhorou tanto que nós só não estamos entregando hoje as imagens de ontem porque nós paramos aos fins de semana”, adicionou Valeriano em entrevista para a DW Brasil. Vigilância confiável – Sobre a confiabilidade dos dados captados e das imagens selecionadas pelo Deter, Valeriano admite que o programa deixa algumas lacunas. O Deter é “inconfiável para o mapeamento anual”, relata. O radar seria um complemento para o satélite já existente – a checagem de todas as informações antes que elas se tornem oficiais é fundamental. O Inpe reúne todos os dados captados pelo Deter e entrega ao Land Sat, responsável por uma segunda comparação, antes que os dados sejam transferidos para o Ibama. “Na Amazônia não tem jeito de fazer uma imagem em larga escala limpa de nuvens. Mas até que o governo libere as informações como oficiais, nós temos um mês para fazer comparações e reduzir as margens de erro”, conta. Imazon vigilante – Só em junho último, o Imazon identificou 184 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal por meio do Sad, sistema parecido com o Deter. A organização não-governamental trabalha de forma independente. O número representa um aumento de 437% em relação a junho de 2012. De agosto do ano passado a junho de 2013, a degradação totalizou 1.838 quilômetros quadrados. Segundo Alberto Veríssimo, pesquisador e cofundador do Imazon, a utilização do radar não deve frear o desmatamento. “Pelas análises do Sad, a estimativa é de que o desmatamento aumente em 80% nos próximos anos. Mas o Brasil está com a luz de alerta ligada. O país ainda tem instrumentos para controlar esses números. É importante que o governo corrija algumas falhas que cometeu do ano passado para cá, para que a redução contínua do desmatamento seja uma realidade”, refere-se ao aumento da destruição recente da floresta depois do anúncio do menor índice, em 2012, desde o início do monitoramento. Em 2004, o corte da floresta atingiu 28 mil quilômetros quadrados, o equivalente à área da Bélgica, segundo os dados do Sad. Em 2010, o número reduziu para sete mil. Já em 2012, a área desmatada caiu para 4.800 quilômetros quadrados. Sobre as eventuais diferenças entre os dados do Imazon e do Inpe, Veríssimo comenta: “O Sad tem uma maior constância na captação.” Mesmo com a previsão do Imazon, Valeriano se mantém otimista e acredita que as novas tecnologias serão capazes de vigiar com eficiência a floresta. “Para o futuro, os sistemas vão estar mais aprimorados e com uma captação bem maior. Se todos os satélites estiverem em funcionamento, pode haver uma abrangência total das áreas não observadas. E nós estamos nos adaptando para acompanhar essa evolução.” (Fonte: Terra)

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