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quinta-feira, 14 de março de 2013

Pesquisadores criam banco de dados sobre corujas do mundo todo

David Johnson, diretor do Projeto Global das Corujas, está trabalhando com pesquisadores de 65 países para compilar um vasto banco de dados sobre as corujas. O banco contém informações sobre as descrições, a história natural, a genética, as vocalizações, as estimativas populacionais, os mitos e as lendas desses animais. Os ocidentais adoram as corujas, segundo Johnson, numa tradição que remonta pelo menos à Grécia antiga e à associação das corujas com a deusa da sabedoria, Atenas. Em alguns países, porém, as corujas são vistas como aves de mau agouro, um prenúncio da morte –talvez, propôs Johnson, por causa do hábito de fazer ninhos em cemitérios, onde as árvores crescem desimpedidas, com cavidades confortavelmente grandes. No imaginário ocidental, a coruja, capaz de girar sua cabeça em 270°, certamente compete com o pinguim pelo título de ave preferida. “Todo mundo adora as corujas”, disse o paleobiólogo David Bohaska, do Museu Natural de Ciências Naturais do Smithsonian, em Washington. Mas, a despeito da aparente familiaridade, só recentemente os cientistas começaram a compreender detalhes dessas aves. Descobriram, por exemplo, que corujas-das-torres jovens podem ser generosas, doando regularmente porções da sua comida para irmãos menores e mais famintos – uma demonstração de altruísmo que se supõe rara entre animais. Os cientistas também descobriram que as corujas-das-torres expressam necessidades e desejos por meio de sons complexos e regrados – garganteios, gritos e pios–, numa língua que os pesquisadores agora buscam decifrar. “Elas conversam a noite toda e fazem um barulhão”, disse Alexandre Roulin, da Universidade de Lausanne, na Suíça, que recentemente descreveu o altruísmo da coruja-das-torres na revista “Animal Behaviour”, com sua colega Charlene Ruppli e com Arnaud da Silva, da Universidade de Borgonha, na França. Outros pesquisadores estão monitorando as vidas de corujas mais raras e de proporções mais descomunais, como o ameaçado bufo-de-Blakiston (Bubo blakistoni), da Eurásia. Com quase um metro de altura, até cinco quilos e dois metros de envergadura, essa é a maior coruja do mundo, segundo Jonathan Slaght, do programa para a Rússia da ONG Wildlife Conservation Society. Ela poderia facilmente passar por um urso ou uma árvore. Esse poderoso predador é capaz de puxar de um rio um salmão adulto com duas ou três vezes o seu próprio peso. A ferocidade é essencial para uma ave que está presente até no Círculo Ártico e que é capaz de procriar e se alimentar no auge do inverno. Sergei Surmach, colega de Slaght, gravou em vídeo uma fêmea sentada sobre seu ninho durante uma nevasca. “Ao final, só dava para ver a cauda dela para fora do ninho”, disse Slaght. Engenheiros estudam corujas para aperfeiçoar modelos de asas de aviões. Muitas espécies de corujas são conhecidas por voarem silenciosamente, sem o ruflar das asas que poderia alertar a presa sobre a sua aproximação. Jonathan Slaght, da ONG ambiental WCS, com um bufo-de-Blakiston, a maior coruja do mundo A maior parte da asa das corujas é ampla e curva, com uma plumagem aveludada que ajuda a absorver o som. Além do mais, as penas na borda da asa são serrilhadas, o que interrompe e atenua a turbulência do ar. Numa reunião da Sociedade Americana de Física, em 2012, pesquisadores da Universidade de Cambridge propuseram que perfurações bem posicionadas nas asas de um avião poderiam ter um efeito semelhante para aplacar turbulências, levando a voos mais silenciosos e com menos gasto de combustível. As corujas datam de 60 milhões de anos atrás, ou mais, e são encontradas em praticamente todo tipo de habitat. Há 229 espécies conhecidas, e a lista não para de crescer: em meados do ano passado, duas novas espécies de coruja-gavião foram descobertas nas Filipinas, e, em fevereiro, pesquisadores descreveram uma nova espécie na ilha de Lombok, na Indonésia. Algumas espécies de corujas possuem alguns dos melhores sistemas auditivos conhecidos. Tim Birkhead, professor da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, observa que a cóclea da coruja é “enorme” e densamente equipada com cílios sensoriais. Há a “cara amassada” das corujas, também chamada de disco facial – que pode ter a forma de torta em algumas espécies ou de uma máscara de coração no caso da coruja-das-torres. O disco facial funciona como uma espécie de antena parabólica, que capta ondas sonoras e as direciona, graças a penas especiais. As aves são as donas da noite e caçam incansavelmente. Estima-se que um bando com dez famílias de corujas vivendo em um celeiro da Flórida elimine cerca de 25 mil roedores por ano dos canaviais adjacentes. (Fonte: Folha.com)

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