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domingo, 1 de abril de 2012

Mudança para tecnologias verdes pode iniciar guerras minerais

Metais raros

É cada vez maior a preocupação com o uso de metais muito raros, essenciais aos equipamentos de alta tecnologia.

Segundo um estudo que acaba de ser concluído por pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma mudança em larga escala rumo a fontes de energia mais limpas pode colocar em risco o suprimento desses elementos, especialmente de dois metais da família das terras raras.

A família das terras raras é composta por 17 elementos, que vêm sendo usados em inúmeras aplicações de alta tecnologia, de aviões a lasers e sistemas de imageamento médico.

Dois deles, o disprósio e o neodímio, são os mais sensíveis à disseminação dessas novas tecnologias, garantem Randolph Kirchain e seus colegas.

Longa vida à mineração

O disprósio e o neodímio estão presentes sobretudo na fabricação de ímãs de última geração, presentes nas turbinas eólicas e nos carros elétricos.

Mas há riscos de falta de suprimento envolvendo também o lantânio, cério, praseodímio, samário, európio, gadolínio, térbio e ítrio.

As projeções indicam elevações na demanda dos diversos elementos que variam entre 600% e 2.600% nos próximos 25 anos, enquanto a produção tem crescido alguns poucos pontos percentuais ao ano.

Recentemente o Serviço Geológico do Reino Unido criou uma lista de risco dos metais mais raros da Terra.

O professor James Burnell, do Serviço Geológico do Colorado, vai mais longe, e chega a falar em "guerras comerciais".

"Há um equívoco no público, que confunde mudança para energias alternativas com um abandono da mineração, o que não pode ser feito," diz ele, lembrando que a desejada diminuição da exploração do petróleo e do gás natural nada tem a ver com a extração dos outros minerais, embora ambas sejam mineração.

Uma grande variedade de metais raros são necessários para fabricar também os painéis fotovoltaicos para energia solar, as células de combustível para uma sonhada economia do hidrogênio, e até baterias de alta capacidade para os veículos híbridos e elétricos.

Terras raras da China

Assim, todos os metais, os raros e os não-raros, terão que continuar sendo produzidos pela mineração - que pertence ao setor industrial, e não ao setor primário, outra confusão comum.

Ocorre que os depósitos minerais não escolhem fronteiras, e não se distribuem equanimemente entre os países. Na verdade, a maioria dos metais de terras raras estão hoje em uma condição de quase monopólio, em poder da China.

E a China está se preparando para construir geradores de energia eólica que chegam a 330 giga-watts. Apesar disso, pressões recentes dos países desenvolvidos, que já protocolaram uma queixa contra o país na Organização Mundial do Comércio pela diminuição das vendas de terras raras já tenham feito as autoridades chinesas anunciarem que estão revisando esses planos.

Se o projeto for levado adiante, isso exigirá cerca de 59 mil toneladas de neodímio para construir os ímãs, o que é mais do que a produção anual do país desse metal. Ou seja, sobrará pouco abastecer o resto do mundo, que sonha ainda, além da energia eólica, com os carros elétricos.

Novas minas ou novas decisões

Assim, segundo Burnell, guerras comerciais, geradas pela busca de novos suprimentos de minerais, estão no horizonte.

No entanto, estima ele, nem o público e nem os políticos parecem estar cientes do problema.

A saída, segundo o pesquisador, está no investimento em novas tecnologias para a extração desses metais raros de outros tipos de minérios, além da busca por novas minas.

Pesquisas indicam, por exemplo, que os leitos dos oceanos têm depósitos ricos em terras raras, enquanto trabalhos iniciais apontam no sentido da sintetização de materiais raros derivando-os de elementos mais abundantes.

O Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do mundo mas, como parece ter firmado pé na decisão de ser um país agropecuário, não as explora.

Redação do Site Inovação Tecnológica

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