sexta-feira, 27 de abril de 2012
Lixo eletrônico vira instrumento de defesa do meio ambiente
Sucatas e entulhos de computadores velhos estão sendo retirados do lixo para um trabalho pioneiro, realizado por professores e alunos do curso de Robótica, do campus do Instituto Federal de Educação de Alagoas (Ifal), na cidade de Palmeira dos Índios.
O grupo, formado também por 25 alunos de escolas públicas, aprendeu a recolher e reciclar o lixo para montagem e construção de robôs ecológicos.
O projeto começou no final de 2011, sob a coordenação dos professores Emerson Lima e Leonardo Medeiros.
As atividades fazem parte de um projeto aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e têm como tema: “Robótica como Ferramenta Educativa e Inclusiva para a Comunidade de Palmeira de Fora”.
A iniciativa ainda conta com a participação dos alunos Marília de Oliveira Belo e Hugo Telis, que ministram aulas como monitores nas dependências do campus.
O professor Emerson Lima foi, inclusive, homenageado com a Comenda Científica Doutor Samuel Cunha Filho, oferecida pelo Núcleo Tecnológico do Agreste, pelos trabalhos em favor da ciência e tecnologia com Robótica no Instituto Federal de Alagoas.
A homenagem ocorreu em abril do ano passado. A comenda é um reconhecimento do Núcleo Tecnológico a Samuel Cunha Filho, cientista pernambucano falecido em 2007 e que, dentre outras atividades, trabalhou para a Nasa, participando de projetos como o da Apollo 11, missão do homem na Lua, e Apollo 13.
A comenda é entregue de quatro em quatro anos pela cientista brasileira na Nasa, doutora Rosaly Lopes, do Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, nos Estados Unidos.
Rosaly é a única brasileira a conquistar, até o ano de 2005, a conceituada “Medalha Carl Sagan”, da prestigiada Sociedade Astronômica Americana.
Inclusão tecnológica
De acordo com o professor Emerson Lima, o projeto adotado em Palmeira dos Índios é voltado para alunos do 9º ano de escolas públicas da região.
Ele revelou que o curso de Robótica inclui a entrega de um kit com blusa e uma pasta com material escolar com bloco de anotações, lápis, caneta e borracha.
Grupo de estudantes de escolas públicas que participam do curso de robótica
O professor-cientista Emerson Lima, que é especialista em construir robôs ecológicos, feitos com sucatas de material de informática, diz que os alunos aprendem conceitos de informática básica, iniciação à Robótica, programação virtual de robôs, além de montagem e programação em robôs utilizando kits educativos.
“A robótica educativa promoverá um ambiente de aprendizagem onde os alunos poderão desenvolver a criatividade, o raciocínio e o conhecimento em diferentes áreas”, explica.
Entusiasmo
No início das aulas, os alunos estavam bastante entusiasmados com a oportunidade proporcionada pelo curso.
A jovem Iolanda Araújo, aluna do Colégio Almeida Cavalcanti, não esconde a satisfação e afirma que pretende fazer o curso de eletrotécnica. “Com essa oportunidade, vou buscar um melhor aprendizado e conhecer mais os elementos da robótica”, declara a estudante.
Por outro lado, o aluno Ruan Santos salienta que gosta de tecnologia e quer aprender algo que ele não vê na escola.
A primeira etapa do projeto foi encerrada em outubro. A ideia é repetir o mesmo processo com outros alunos e tentar formar um grupo para participar de eventos pelo país afora e até no exterior.
O grupo de Robótica é coordenado pelo professor Emerson Lima desde 2009, com a colaboração do professor Rodrigo Mero.
Fazem e já fizeram parte do grupo, alunos dos cursos técnicos em informática, edificações, eletrotécnica e tecnológico em sistemas elétricos, num total de dez alunos.
Atualmente, o grupo desenvolve três projetos de pesquisa envolvendo robótica, educação, prototipagem e educação física, além de um projeto de extensão com a comunidade de Palmeira de Fora.
Professor Emerson Lima e a equipe que participa dos projetos de robótica
Professores e alunos receberam o convite e participaram da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, com destaque nacional em reportagens do Jornal Hoje, Jornal da Record e TV Escola, tendo recebido o prêmio de Inovação Tecnológica da Empresa National Instruments, e sendo convidados a participar da Tenda Inovação durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, organizada pelo MCT no Rio de Janeiro.
Após conquistar o cenário brasileiro, com as criações elaboradas pelos alunos sobre lixo tecnológico, agora eles vão mais além.
Em agosto do ano passado, uma equipe do Ifal em Palmeira dos Índios participou do mais importante fórum juvenil científico do mundo, realizado anualmente em Londres, na Inglaterra.
O convite foi feito após a participação dos alunos na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em São Paulo.
Robô ensina a reciclar lixo
Os responsáveis pelo projeto, intitulado "Reciclabot - um robô que ensina a reciclar lixo", João Neto, Marília Belo e Emanuel Araújo, tiveram a oportunidade de visitar museus científicos, indústrias, laboratórios e participar de palestras e conferências durante 15 dias de evento, organizado pelo London International Youth Science Forum (LYSF).
O LYSF é o mais importante fórum juvenil científico do mundo, sendo organizado pelo Imperial College London, em parceria com o British Council e outras instituições.
O Imperial College London, fundado em 1907, é considerada a terceira melhor universidade da Europa.
O evento, elaborado desde 1959, reúne jovens cientista de mais de 50 países, em um encontro que envolve palestras, conferências, apresentação de trabalhos, demonstrações científicas e visitas a laboratórios, indústrias e museus científicos.
“Participar de um evento desta magnitude é de grande importância para todos nós. Primeiramente para alunos que estão a um passo da universidade, além do contato com grandes cientistas do mundo, proporcionando uma aquisição de conhecimento e experiência sem igual”, comemora o professor Emerson Lima.
A repercussão da participação do trio em um evento de grande porte já ecoa por todo o Nordeste. A troca de experiências despertou no alunado a vontade de dedicar-se ao estudo de pesquisa e extensão.
“Isso traz mais jovens para o caminho da educação e mostra à sociedade que também se desenvolvem projetos de qualidade no interior de um estado pequeno como Alagoas. Assim, também esperamos que Instituto, Município e Estado possam, cada vez mais, se tornar parceiros de atividades que valorizam o espírito científico e a consciência ecológica e de defesa do meio ambiente nas pessoas”, completa Lima, revelando que são jogados na natureza mais de 20 milhões de toneladas de detritos, citando ele uma reportagem da revista Business Week.
Acúmulo de lixo eletrônico tende a aumentar com redução da vida útil dos equipamentos
Esse acúmulo tende a aumentar nos próximos anos. Segundo dados do Greenpeace, em 1997, a vida útil de um computador pessoal era de seis anos. Em 2005, passou para dois anos. O tempo diminui devido à corrida tecnológica, oferecendo riscos ao meio ambiente e às pessoas, uma vez que existem peças com substâncias tóxicas, como chumbo, níquel, arsênico e mercúrio, que ameaçam a água, o solo e o ar.
Para este ano, o grupo está desenvolvendo vários projetos novos, dentre os quais um robô palestrante, utilizado para ensino de programação de computadores e um sistema automatizado para avaliação de atletas de karatê.
O projeto “Reciclabot - um robô que ensina a reciclar o lixo" -, desenvolvido pelo Grupo de Robótica do Ifal do campus de Palmeira dos Índios, foi convidado para participação no evento pela Rede POC (Programa de Olimpíadas do Conhecimento) em função do rigor científico apresentado e pelo impacto social, por conta da defesa do meio ambiente e da promoção da consciência ambiental gerada nas pessoas que vivem na sociedade.
http://www.tribunahoje.com
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