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sábado, 17 de abril de 2010

CRBio 3 destaca trabalho de Irgang e Carneiro no Dia da Botânica

17 de abril, Dia Nacional da Botânica, o Conselho Regional de Biologia da 3ª Região RS/SC destaca o trabalho de duas personalidades que estimularam muita gente a se dedicar às plantas: o botânico Bruno Irgang, falecido em 2006, e o advogado Augusto Carneiro, que com seus 87 anos segue militando em defesa do meio ambiente. O conselheiro Adriano Salvaterra destaca a importância da trajetória de Carneiro e Irgang. “Eles disseminaram conhecimentos, influenciaram muito para a consolidação da legislação ambiental gaúcha, vanguarda em vários aspectos”.

A bióloga Andréia Carneiro, filha do ambientalista, revelou ao CRBio 3 a importância dessas duas figuras para a conservação da biodiversidade gaúcha. Cada um com seu jeito peculiar, tanto Irgang quanto Carneiro, motivaram centenas de pessoas a enxergar a natureza, os ambientes com um olhar mais atento. Se hoje ela é curadora das coleções do Jardim Botânico de Porto Alegre, muito se deve a motivação dos dois.

“Neste dia da Botânica acho que é fundamental homenagear essas duas figuras, meu pai e o professor Bruno. Não tenho ideia de quantas pessoas eles influenciaram, principalmente meu pai que até hoje vende livros e distribui textos sobre ecologia na feira de agricultura orgânica aos sábados, na Av. José Bonifácio, em Porto Alegre, mesmo com seus 87 anos”, conta Andréia.

Carneiro que convidou José Lutzenberger para criar a primeira entidade do Sul do Brasil em 1972, a Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural). Ele é uma pessoa de vital importância para a conservação no Rio Grande do Sul. Carneiro e Lutz tiveram uma atuação decisiva na criação de diversas unidades de conservação, como o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, Reserva Biológica do Lami, em Porto Alegre, Parque Estadual do Delta do Jacuí, Estação Ecológica Aracuri, em Esmeralda, Parque Turístico da Guarita, em Torres e Estação Ecológica do Taim. Carneiro também teve uma atuação muito forte na defesa da arborização de Porto Alegre. Até hoje combate as podas indiscriminadas, o corte de árvores e o ato de “matar por matar” os animais, principalmente os passarinhos, hábito usual em décadas passadas.

Quanto ao seu professor, Bruno Irgang, Andréia guarda com carinho as lembranças da atenção com os alunos, a humildade e o vasto conhecimento. ”Também penso no grande número de alunos que ele orientou e que teve grande contribuição na formação, não só no conhecimento, mas também no modo de encarar a natureza”, observa.

Irgang era pesquisador do Departamento de Botânica da UFRGS. Foi um grande promotor da taxonomia (classificação) de plantas das diversas regiões do Estado e do Sul do Brasil. Seu trabalho ofereceu subsídios para pesquisadores da área da saúde, arquitetos e paisagistas. A coleta que fazia com prazer e a classificação das plantas também originaram publicações, hoje fontes de referência para técnicos, biólogos e população em geral.

Bruno Edgar Irgang também era professor do Programa de Pós-graduação em Botânica da UFRGS e suas linhas de pesquisa eram principalmente Taxonomia de plantas vasculares (especialmente plantas aquáticas) e Etnobotânica (plantas medicinais e alimentícias). Desde 1967, ele desenvolvia suas atividades na universidade. Muito querido pelos alunos, seu nome foi escolhido para batizar o Diretório Acadêmico do Instituto de Biociências da UFRGS.
Para a botânica, é essencial neste dia valorizar o trabalho dos dois, pois “está cada vez mais difícil preservar a natureza”. Andréia avalia que a natureza está sendo vista, novamente, como algo que impede o progresso. “E a população não parece se tocar muito com isso. Os interesses econômicos de poucos sobrepujam os interesses coletivos. No dia da Botânica, acho que precisamos refletir sobre tudo isso, pois as plantas não tem voz para reivindicar sua sobrevivência”, resume.

EcoAgência

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