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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cientistas cubanos criam método para avaliar efeitos do clima na saúde

Cientistas cubanos desenvolveram uma metodologia para avaliar os efeitos do clima na saúde humana. A “classificação biometeorológica” foi apresentada no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo por Luís Bartolomé Lecha Estela, do Centro de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Central de Las Villas (UCLV), em Cuba. “Os prognósticos [...] auxiliam na prevenção de doenças com alta incidência, como asma, problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, cefaleias, hepatite, meningite, dengue e malária”, disse Lecha à Agência Fapesp.

A ligação entre alterações climáticas e saúde ainda é incipiente no país. A maioria dos projetos aborda as mudanças climáticas em larga escala"
“O método avisa com até 180 horas de antecedência a ocorrência de condições favoráveis para o desencadeamento de crises de saúde e utiliza como principal indicador a variação em 24 horas da densidade parcial de oxigênio no ar, o tipo de situação predominante e a ocorrência de efeitos locais de contaminação atmosférica”, explicou Helena Ribeiro, diretora da Faculdade de Saúde Pública da USP. “A cidade de São Paulo é um laboratório importante para se estudar essa relação. Pretendemos criar um programa a partir dos métodos desenvolvidos por Lecha.”

Segundo o pesquisador cubano, o índice de acertos tem sido superior a 80%. Entre 1º de dezembro de 2006 e 30 de abril de 2007 foram detectados pelo modelo cerca de 63 situações complexas de tempo com avisos de alerta, sendo 24 para hiperoxia (alta concentração de oxigênio) e 39 para condições de hipoxia (baixo teor de oxigênio). “Nos dias em que havia condições de hipoxia houve uma prevalência de crises massivas associadas à hipertensão arterial, cefaleias e de acidente vascular cerebral”, exemplificou Lecha.

Helena Ribeiro, que orienta pesquisas relacionadas à saúde urbana e mudanças climáticas, falou da dificuldade no Brasil de se conseguir dados estatísticos de pronto atendimento nos ambulatórios, além das poucas pesquisas nessa área. “A ligação entre alterações climáticas e saúde ainda é incipiente no país. A maioria dos projetos aborda as mudanças climáticas em larga escala”, afirmou.


Agência Fapesp , por Alex Sander Alcântara

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