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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cientistas querem criar índice de biodiversidade

O plano é mobilizar milhares de pesquisadores para coletar informações sobre 160 mil espécies representativas, de grandes mamíferos a fungos, e com isso estabelecer a maior lista já feita sobre a situação da vida no planeta

Um diagnóstico completo da biodiversidade. É isso que sugere o artigo “The Barometer of Life” publicado nesta semana na revista Science e que tem entre seus autores o renomado ecologista Edward Wilson, da Universidade de Harvard. A idéia é utilizar uma rede de parcerias e assim triplicar o número de espécies que são analisadas pela Lista Vermelha, que reúne os animais em risco de extinção, produzida anualmente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

O projeto estabeleceu 160 mil espécies representativas, de peixes a pássaros, de corais a fungos, e dessa forma pretende dar um panorama da situação atual da biodiversidade. O custo estimado para a elaboração da lista é de US$ 60 milhões. Mas “seria um dos melhores investimentos já feitos pela humanidade” esclarece o artigo.

“O quanto mais nós aprendermos sobre as espécies, mais saberemos sobre o meio ambiente que nos sustenta. Espécies ameaçadas, em especial, precisam ser identificadas para possibilitar melhores políticas de conservação”, explicou Wilson.

Atualmente, 48 mil espécies aparecem na Lista Vermelha, que custa anualmente US$ 4 milhões para ser produzida. Mas a lista é voltada a apenas alguns grupos de animais – principalmente mamíferos, pássaros e anfíbios -, e não representaria um quadro global do ecossistema. Apenas metade dos vertebrados e uma pequena proporção de plantas, invertebrados e fungos são analisados.

A maior parte do trabalho da Lista Vermelha é feita por voluntários da IUCN, a sugestão agora é ampliar essa rede de pessoas e instituições parceiras para que a lista seja mais completa.

“Nós precisamos urgentemente aumentar os esforços para catalogar nossa vasta biodiversidade, enquanto ainda podemos fazer isso. Devemos nos focar nas áreas de grande risco de extinção”, afirmou Russel Mittemeier, presidente do IUCN.

Os dados coletados serão úteis também para que empresas consigam avaliar seus impactos e ações ambientais, além de facilitar a identificação de áreas que precisem de mais recursos e atenção do setor público. “Essas informações irão ajudar os governos e comunidades a pensar em respostas apropriadas para as mudanças climáticas e outros desafios ecológicos”, disse Mittemeier.

Os pesquisadores destacam o grande custo beneficio da iniciativa. “Com apenas US$ 60 milhões, uma ninharia perto do que é gasto hoje em dia para salvar bancos ou manter guerras, podemos ter o melhor quadro já realizado sobre a saúde da biodiversidade”, resumiu Simon Stuart, presidente da Comissão de Sobrevivência de Espécies da IUCN.

As 160 mil espécies sugeridas ainda é um número provisório, se a iniciativa receber apoio da comunidade internacional, a quantidade de espécies pode ficar muito maior. O “barômetro da vida” pode vir a ser o grande marco de 2010, data que a ONU escolheu como “Ano Internacional da Biodiversidade”.

CarbonoBrasil

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