quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Influência humana é clara no aquecimento “inequívoco” do planeta, diz IPCC
O aquecimento do planeta é “inequívoco”, a influência humana no aumento da temperatura global é “clara”, e limitar os efeitos das mudanças climáticas vai requerer reduções “substanciais e sustentadas” das emissões de gases de efeito estufa. A conclusão é do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que divulgou nesta quinta-feira (30/01), em Genebra, a primeira parte do quinto relatório sobre o tema.
Os cientistas do IPCC – que já foram premiados com o Nobel da Paz em 2007 – fizeram um apelo enfático para a redução de gases poluentes. “A continuidade das emissões vai continuar causando mudanças e aquecimento em todos os componentes do sistema climático”, afirmou Thomas Stocker, coordenador e principal autor da Parte 1 do quinto Relatório sobre Mudanças Climáticas, cuja versão preliminar já foi apresentada em setembro de 2013.
O documento serviu de base durante a Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre o Clima em Varsóvia, na Polônia, no final do ano passado. Em 1500 páginas, cientistas de todo o mundo se debruçaram sobre as bases físicas das mudanças climáticas, apoiados em mais de 9 mil publicações científicas.
“O relatório apresenta informações sobre o que muda no clima, os motivos para as mudanças e como ele vai mudar no futuro”, disse Stocker.
Correções – A versão final divulgada nesta quinta é um texto revisado e editado e não tem muitas mudanças em relação ao documento apresentado em setembro do ano passado, que elevou o alerta pelo aquecimento global e destacou a influência da ação humana no processo.
“A influência humana no clima é clara”, afirma o texto. “Ela foi detectada no aquecimento da atmosfera e dos oceanos, nas mudanças nos ciclos globais de precipitação, e nas mudanças de alguns extremos no clima.”
Segundo o IPCC, desde a década de 1950, muitas das mudanças observadas no clima não tiveram precedentes nas décadas de milênios anteriores. “A atmosfera e os oceanos estão mais quentes, o volume de neve e de gelo diminuíram, os níveis dos oceanos subiram e a concentração de gases poluentes aumentou”, diz um resumo do documento.
“Cada uma das últimas três décadas foi sucessivamente mais quente na superfície terrestre que qualquer década desde 1850. No hemisfério norte, o período entre 1983 e 2012 provavelmente foi o intervalo de 30 anos mais quente dos últimos 800 anos”, prossegue.
Aquecimento dos oceanos – O grupo de cientistas também lembra que o aquecimento dos oceanos domina o aumento de energia acumulada no sistema climático, e que os mares são responsáveis por mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010.
“É praticamente certo que o oceano superior (até 700m de profundidade) aqueceu neste período, enquanto é apenas provável que tenha acontecido o mesmo entre 1870 e 1970″, diz o relatório.
O nível dos mares também aumentou mais desde meados do século 20 que durante os dois milênios anteriores, segundo estima o IPCC. Entre 1901 e 2010, o nível médio dos oceanos teria aumentado cerca de 20 centímetros, diz o documento.
As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e protóxido de nitrogênio (conhecido como gás hilariante) aumentaram, principalmente por causa da ação humana. Tais aumentos se devem especialmente às emissões oriundas de combustíveis fósseis. Os oceanos, por exemplo, sofrem acidificação por absorver uma parte do CO2 emitido.
Futuro sombrio – A temperatura global deverá ultrapassar 1,5ºC até o final deste século em comparação com níveis estimados entre 1850 e 1900. O aquecimento global também deverá continuar além de 2100, mas não será uniforme, dizem os cientistas do clima. As mudanças nos ciclos da água no mundo também não serão homogêneos neste século, e o contraste entre regiões secas e úmidas e regiões de seca e de chuvas deverá aumentar.
O resumo do texto ainda constata que a acumulação de emissões de CO2 deverá ser determinante para o aquecimento global no final do século 21 e adiante. “A maioria dos efeitos das mudanças climáticas deverão perdurar por vários séculos, mesmo com o fim das emissões.”
Até outubro, o IPCC ainda vai publicar mais duas partes do relatório e também um documento final. A segunda parte será divulgada em março, no Japão, e detalhará os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade a mudanças climáticas. Em abril, Berlim será palco das conclusões do IPCC sobre mitigação. (Fonte: Terra)
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