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sábado, 12 de setembro de 2009



O nome do principal responsável pela degradação ambiental do planeta está sendo omitido. A ação do homem está destruindo o planeta, repete-se por toda parte. Sim, é a ação do homem, mas falta qualificar melhor essa ação. O que não está sendo dito, com todas as letras, é que o atual padrão de produção e consumo é absolutamente insustentável. E esse padrão é alimentado diariamente pela lógica do individualismo, da busca incessante do lucro, da guerra e da mercantilização de todas as esferas da vida humana. São esses valores, princípios e práticas que estão destruindo florestas, envenenando rios, derretendo calotas polares, matando pessoas de fome, transformando as cidades em desordenados aglomerados humanos. Todos os países querem maior crescimento econômico, mais indústrias, um PIB maior, uma renda per capita mais robusta. Isso é, ao mesmo tempo, impossível e indesejável. No entanto, seguimos firmes nessa marcha da insensatez.

Tudo indica que as coisas vão piorar muito ainda, antes de melhorar, se é que vão melhorar. Não há nenhuma garantia metafísica disso. Espécies e civilizações já pereceram antes e o universo seguiu sua marcha, sabe-se lá para onde. Há alguns elementos positivos neste cenário. Um deles é o privilégio de assistir ao vivo e em tempo real o espetáculo de ignorância, arrogância e soberba que tem como atores chefes de Estado, parlamentares, empresários, cientistas e pessoas “comuns” das mais variadas estirpes. O reino dos empreendedores e dos homens de bem segue sua marcha, erguendo cercas cada vez mais altas, aumentando seu arsenal para defender o próprio patrimônio, cultuando a imagem que vêem no espelho como um ídolo sagrado, buscando um novo negócio para acumular mais lucro e prestígio. Todo esse espetáculo é regido pela lógica do curtíssimo prazo. Que me importa que a mula manque, vou defender o que é meu, o meu palácio, como diria a governadora Yeda Crusius. O resto que se exploda. O desejo está virando realidade.
Escrito por Marco Weissheimer

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