terça-feira, 15 de julho de 2014
Composto que reduz tumor em 10 vezes é descoberto na USP
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram uma molécula que controla a ação de um gene importante no processo da morte celular programada, a apoptose.
Carlos DeOcesano-Pereira e seus colegas descobriram que a expressão desse RNA, chamado INXS, apresenta-se reduzida em células cancerígenas - RNA, ou ácido ribonucleico, é o responsável pela síntese das proteínas na célula.
Assim, métodos capazes de estimular a produção desse RNA não codificador de proteínas poderiam ser usados no tratamento de tumores.
Eles testaram essa ideia em camundongos e conseguiram reduzir em cerca de 10 vezes o volume de um tumor maligno subcutâneo ao aplicar no local injeções de plasmídeos - moléculas circulares de DNA - contendo o INXS.
Genes intrônicos
O grupo vinha estudando o papel regulador dos chamados genes intrônicos não codificadores de proteína - aqueles localizados na mesma região do genoma de um gene codificador, porém na fita oposta de DNA.
O INXS, por exemplo, é um RNA expresso na fita oposta à de um gene codificador de proteína conhecido como BCL-X.
"Estudamos diversos genes codificadores de proteína envolvidos em morte celular em busca de evidências de que algum deles fosse regulado por um RNA intrônico não codificador. Foi então que encontramos o BCL-X, um gene situado no cromossomo 20", contou o professor Sérgio Verjovski-Almeida, coordenador da equipe.
O BCL-X, explicou o pesquisador, está presente nas células em duas formas alternativas: uma que inibe a apoptose (BCL-XL) e uma que induz o processo de morte celular (BCL-XS).
"Em uma célula sadia, existe um balanço entre as duas isoformas de BCL-X. Normalmente, já existe uma quantidade menor da forma pró-apoptótica (BCL-XS). Mas, ao comparar células tumorais e não tumorais, observamos que nos tumores a forma pró-apoptótica está ainda mais reduzida, bem como o nível de INXS. Suspeitamos que uma coisa estava afetando a outra", disse o pesquisador.
INXS na prática
As cobaias foram divididas em dois grupos. Metade passou a receber injeções de plasmídeos com INXS no local do tumor. A outra metade, que serviu de controle, recebeu apenas injeções de plasmídeos vazios.
Após 15 dias de tratamento, o tumor dos animais do grupo controle havia atingido volume médio de 600 mm3. No grupo tratado com INXS, o volume médio foi de 70 mm3 - cerca de dez vezes menor.
"Os tumores dos animais que receberam o INXS não apenas estavam menores e mais leves como também mais esbranquiçados, sinal de que a vascularização no local havia sido reduzida. Além disso, quando medimos a relação entre as isoformas de BCL-X, os tumores tratados tinham uma proporção maior da pró-apoptótica, o que sugere que as células tumorais restantes já estavam a caminho de morrer", contou o pesquisador.
O grupo agora pretende trabalhar no desenvolvimento de terapias contra o câncer capazes de elevar a quantidade de INXS apenas nas células tumorais. Agência Fapesp
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