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domingo, 7 de julho de 2013

Ministério da Saúde incorpora vacina contra HPV ao SUS

Meninas de 10 e 11 anos serão protegidas contra quatro variáveis do vírus, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero; vacina será produzida por meio de parceria entre Butantan e Merck O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (1) a incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) da vacina contra o papilomavírus (HPV), usada na prevenção de câncer de colo do útero. Já em 2014, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses necessárias para a imunização, mobilizando investimentos federais de R$ 360,7 milhões na aquisição de 12 milhões de doses. Confira a apresentação É a primeira vez que a população terá acesso gratuito a uma vacina que protege contra câncer. A meta é vacinar 80% do público-alvo, que atualmente soma 3,3 milhões de pessoas. O vírus HPV é responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero, segundo que mais atinge mulheres, atrás apenas do mamário. ”Está é mais uma medida para enfrentarmos o problema do câncer de colo do útero, um problema que ainda é grande no país, em especial na região norte. Vamos preparar muito bem este público (meninas de 10 e 11 anos), suas famílias, e reforçar a estratégia envolvendo as escolas e os professores para provocar uma grande sensibilização”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele destacou ainda que a vacinação reduz a circulação do vírus no país. A vacina que estará disponível na rede pública é a quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer. No escopo do acordo entre Ministério da Saúde e os fabricantes da vacina - Butantan e Merck Sharp & Dohme (MSD), que atuarão em parceria tecnológica – está prevista a possibilidade de uso da versão nonavalente, que agregará outros cinco sorotipos à vacina. A vacina para prevenção da doença tem eficácia comprovada para pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. A escolha do público-alvo levou em consideração evidências científicas, estudos sobre o comportamento sexual e a avaliação de especialistas que atuam no Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) vinculado ao Ministério da Saúde. ESTRATÉGIA DE VACINAÇÃO - As três doses serão aplicadas, com autorização dos pais ou responsáveis das pré-adolescentes, de acordo com o seguinte esquema: após a aplicação da primeira dose, a segunda deverá ocorrer em dois meses e a terceira, em seis meses. Para chegar com mais agilidade ao público-alvo e ampliar a adesão à proteção contra o HPV, a estratégia será mista: a imunização ocorrerá tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas. Após o primeiro ano de imunização, a oferta deverá passar de 12 milhões de doses para 6 milhões de doses por ano, pois parte do público-alvo já estará imunizado. A incorporação da vacina complementa as demais ações preventivas do câncer de colo do útero, como a realização do Papanicolau e o uso de camisinha em todas as relações sexuais. “É uma vacina para proteger para o futuro, mas que não elimina as medidas de saúde que já estão sendo tomadas pelas mulheres para se proteger do vírus”, reforçou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. PRODUÇÃO NACIONAL –A introdução da vacina no SUS foi possível por conta de acordo parceria para o desenvolvimento produtivo (PDP), com transferência de tecnologia entre o laboratório internacional Merck Sharp & Dohme (MSD) e o Instituto Butantan, que passará a fabricar o produto no Brasil. “A medida confirma o esforço do governo brasileiro em aliar inovação tecnológica às necessidades sociais. Estamos produzindo uma vacina, desenvolvendo tecnologia e gerando economia aos cofres públicos”, disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do ministério, Carlos Gadelha. O Ministério da Saúde pagará cerca de R$ 30 por dose, o menor preço já praticado no mercado – 8% abaixo do valor do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAs). A expectativa, em cinco anos, é de um valor 34% menor ao custo atual. Com isso, será possível economizar cerca de R$ 200 milhões (ou US$ 91 milhões) no período, com a queda do custo de US$ 543 milhões para US$ 452,5 milhões. Nesse período, o laboratório público passará a ter domínio de todas as etapas para a produção do insumo. Além disso, a produção do imunobiológico contará com investimento de R$ 300 milhões para a construção de uma fábrica de alta tecnologia pelo Instituto Butantan, baseada em engenharia genética. “A incorporação dessa vacina vai representar muito em termos de desenvolvimento tecnológico. Foi um processo muito transparente em que se buscou o interesse nacional”, ressaltou o diretor do Instituto, Jorge Kalil. O Ministério da Saúde oferta 26 vacinas através do Programa Nacional de Imunizações. Destas, 98% já são fabricadas no Brasil ou estão em fase de incorporação da tecnologia. A vacina contra o HPV é mais um dos produtos biológicos que será fabricado pelo Brasil por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) articulada pelo Ministério da Saúde. Com esse novo acordo, o país passará a produzir 26 biológicos. Além da vacina para HPV, destacam-se medicamentos para câncer de mama, leucemia e artrite reumatoide. Atualmente, os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida. SOBRE O HPV – O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100 tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. No Brasil, a cada ano, 685.400 pessoas são infectadas por algum tipo do vírus. Em relação ao câncer de colo do útero, a cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem por conta da doença. No Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência da doença. Para 2013, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 17.540 novos casos. O Ministério da Saúde orienta que as mulheres dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos. Em 2012, foram 11 milhões de exames no SUS, o que representou investimento de R$ 72,6 milhões. Do total, 78% foram na faixa etária prioritária. No ano passado, o investimento no atendimento e expansão dos serviços para tratamento de câncer na rede pública de saúde foi de R$ 2,4 bilhões, 26% maior que em 2010. O Ministério da Saúde também está desenvolvendo o Plano de Expansão dos Serviços de Radioterapia, com aplicação de R$ 506 milhões na criação de 41 novos serviços de radioterapia e ampliação de outros 39. Cada um dos 80 serviços de radioterapia receberá um aparelho Acelerador Linear. Existem, atualmente, 277 estabelecimentos disponíveis para o atendimento e tratamento do câncer. Em 2011 foram habilitados dez hospitais, em 2012 foram onze e em 2013 já são nove novos hospitais habilitados. http://portalsaude.saude.gov.br/ A vacina contra HPV funciona? Previne câncer? É segura? A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) tem atraído a atenção desde semana passada por dois motivos contraditórios: o governo japonês retirou sua recomendação para tomar a injeção, enquanto as autoridades de saúde pública nos Estados Unidos atribuíram a queda acentuada na prevalência do vírus entre adolescentes ao seu uso. E aí? Será que os benefícios da vacina superam seus riscos? A decisão do governo japonês é o resultado de 1.968 casos notificados de possíveis efeitos colaterais, 43 dos quais foram examinados por uma força tarefa do Ministério da Saúde. Desde 2010, 3.280.000 mulheres japonesas receberam a vacina contra o papilomavírus humano. Nos Estados Unidos, por outro lado, apenas cerca de um terço das mulheres jovens recebem o programa completo da vacina, em três doses. Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou esta semana que o SUS passará a oferecer vacina contra o HPV a partir de março de 2014, para meninas de 10 e 11 anos, sempre com a autorização dos pais ou responsáveis. A meta é vacinar 80% desse público-alvo. De acordo com o ministério, serão investidos R$ 360,7 milhões para adquirir 12 milhões de doses. Separamos perguntas frequentes para tentar sanar as dúvidas de todos: Será que a vacina previne a infecção com o vírus? Ambas as vacinas de papilomavírus humanos (Gardasil e Cervarix) têm demonstrado uma redução na taxa de infecção do vírus por mais de 90%. Esta redução é mantida por pelo menos cinco anos. O problema é que, para que a vacina seja eficaz , precisa ser aplicada em pessoas que não foram expostas ao vírus. É por isso que a vacina é administrada a meninas de 12 a 13 anos de idade na Austrália e 14 a 19 anos de idade nos Estados Unidos. A vacina pode provocar outros tipos de HPV? Os ensaios clínicos têm demonstrado que ambas as vacinas contra o HPV fornecem proteção significativa contra outros cinco tipos oncogênicos: 31, 39, 45, 59 e 86. E a vacina Cervarix também protege contra os tipos 33 e 52. A força e duração do efeito sobre outros tipos de HPV ainda estão sendo estudados. A vacina previne o câncer de colo do útero? Ainda não é possível responder com convicção esta questão, porque as vacinas de papilomavírus humanos só foram amplamente utilizadas na Austrália desde 2007, e internacionalmente desde 2006. O vírus leva entre 10 e 20 anos a partir da infecção inicial para o desenvolvimento de cancro. Assim, o efeito direto da vacinação sobre as taxas de câncer do colo do útero é difícil de avaliar por enquanto. Mas podemos vislumbrar um efeito olhando para os sinais de alerta do câncer de colo do útero – lesões pré-cancerosas chamadas neoplasia intra-epitelial cervical. As lesões de grau 2 e 3 são consideradas bons marcadores de câncer cervical porque eles são susceptíveis de evoluir para a doença 5% e 12% do tempo, respectivamente. A vacina reduz estes dois tipos de lesão pré-cancerosa em mais de 99%. E os dois tipos de HPV abrangidos pela vacina estão ligados a cerca de 70% dos cânceres cervicais. Isto sugere que um declínio significativo no câncer de colo do útero será observado na próxima década. Infecção por vírus do papiloma humano também tem sido associado a um número de outros cancros, tais como os do pênis (40% estão associadas ao HPV), da vulva ou vagina (40%), do ânus (90%), da boca (3%) e orofaringe ( 12%). A vacina é segura? Esta é provavelmente a pergunta mais frequente. Como qualquer outro procedimento médico, essa vacina pode ter efeitos colaterais. Mas estes são em grande parte reações no local da injeção (vermelhidão, inchaço e dor no local da injeção). Algumas outras pequenas reações, que desaparecem sem tratamento, tais como desmaios, dor de cabeça e náuseas também já foram relatadas. Ensaios clínicos envolvendo mais de 44 mil mulheres não mostraram diferenças em efeitos colaterais graves entre as vacinas de papilomavírus humanos e grupos de controle. Mas o monitoramento da segurança das vacinas não para quando acabam as pesquisas. Uma vigilância pós-comercialização continua a examinar os possíveis efeitos colaterais da vacina. Também não há evidências de uma ligação entre a vacinação contra o papilomavírus humano e doenças auto-imunes. E para o futuro, quais são as novidades? O corpo crescente de pesquisa de campos, incluindo imunologia, virologia, saúde pública e epidemiologia, entre outros, devem ajudar a comunidade, incluindo médicos e pais, a ter a certeza sobre os benefícios da vacina contra o papilomavírus humano. No momento, a conclusão é de que esses benefícios superam os seus riscos, e ainda existem mecanismos para continuar a acompanhar quaisquer situações negativas no futuro.[MedicalXpress] [G1]

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