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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Brasil tem mais médicos, mas distribuição é irregular

Profissão feminina Apesar do número de médicos no Brasil ter crescido 557% nos últimos 40 anos, chegando a dois profissionais para cada 1.000 habitantes, sua distribuição pelo território nacional é cada vez mais irregular, concentrando-se principalmente nas capitais das regiões Sudeste e Sul. Esta é a conclusão do estudo "Demografia Médica no Brasil", elaborado por pesquisadores da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP. O Brasil possui atualmente 400 mil médicos. De 1970, quando havia 59 mil médicos, até hoje, houve um salto de 557%. No mesmo período a população brasileira cresceu 101%. A partir do ano 2000 houve um saldo de crescimento 6 a 8 mil médicos por ano, devido a entrada (novos registros) ser maior que a saída (aposentadorias, mortes etc). "A idade média é 46 anos e 41% dos médicos têm menos de 40 anos, com perspectiva de longevidade profissional. É também uma profissão cada vez mais feminina, tendência irreversível desde 2009", destaca o professor Mário Scheffer, coordenador da pesquisa. Médicos por região Quem mora na região Sul e Sudeste conta com duas vezes mais médicos que os habitantes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste (excluindo o Distrito Federal). A região Sudeste alcança 2,7 médicos por 1.000 habitantes. "Quem vive em alguma capital conta com duas vezes mais médicos que os que moram em outras regiões do mesmo estado", conta Scheffer. "A diferença entre os extremos, morador do interior de um estado do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o residente de uma capital do Sul ou Sudeste, é de quatro vezes, no mínimo". Quem tem plano de saúde no Brasil conta com pelo menos quatro vezes mais médicos à disposição do que quem depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). "A persistência e a intensidade das desigualdades de distribuição demonstram que apenas o aumento global do quantitativo de médicos pode não garantir a disponibilidade de médicos nos locais, nas especialidades e nas circunstâncias em que hoje há carência de profissionais", enfatiza o professor. "Há necessidade de mudanças substantivas nos rumos do sistema de saúde, a começar pela solução do subfinanciamento público, pelo balanço crítico do processo de privatização da gestão do SUS e de seu impacto sobre os recursos humanos, e pela regulação mais eficiente do mercado de planos de saúde." Escolas de Medicina Em 2012, 197 escolas médicas ofertavam aproximadamente 17 mil vagas. Mais de 180.000 médicos não concluíram um programa de Residência Médica ou não tem título de especialista. "É um cenário preocupante de deterioração do ensino de graduação e da falta de vagas na Residência para todos os egressos de cursos de Medicina", diz Scheffer. Sete especialidades concentram mais da metade dos profissionais titulados, sendo que quatro áreas básicas (Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral e Clínica Médica) têm 37% dos médicos. A maior parte dos médicos formados fora do Brasil - tanto brasileiros quanto estrangeiros - se instala nas maiores cidades, especialmente no sudeste. "É um indício de que eventuais flexibilidades de revalidação de diplomas poderão não surtir o efeito desejado de suprir definitivamente locais hoje desprovidos de médicos," avalia o pesquisador. Agência USP

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