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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Cientistas apontam saídas para desastre climático global

Estudo de especialistas da ONU mostra que planeta ainda pode reverter previsões sombrias de catástrofes naturais. Para isso, emissões de gás do efeito estufa precisam ser reduzidas a no mínimo 40% até 2050. Apesar de todos os esforços globais para tentar reduzir a emissão de CO2 prejudicial ao clima, a liberação de gases causadores do efeito estufa teve maior aumento entre os anos 2000 e 2010 do que em qualquer outra década anterior, desde 1970. O balanço consta do terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), publicado neste domingo (13/04) em Berlim. O documento, elaborado por 195 cientistas nos últimos quatro anos, vinha sendo discutido desde o início da semana passada por representantes de vários governos nas Nações Unidas, reunidos na capital alemã. Apesar da perspectiva sombria, o relatório intitulado Mitigação da mudança climática traz esperança de que a situação pode mudar. Segundo seus autores, só será possível limitar os drásticos efeitos de catástrofes naturais – como inundações e secas – se os países conseguirem manter o aumento anual da temperatura do planeta em até 2 graus Celsius. Mas para tal, os autores do estudo apontam a necessidade de se estabelecer um conjunto de medidas políticas e técnicas. “A mensagem científica é clara: a fim de evitar danos perigosos ao sistema climático, as coisas não podem continuar como estão”, explica o cientista alemão Ottmar Edenhofer. O relatório divulgado agora é a terceira parte de um levantamento sobre mudanças climáticas. A primeira parte foi publicada em 2013 em Estocolmo, Suécia; a segunda, há poucas semanas em Yokohama, Japão. Menos CO2 até 2050 Os especialistas do clima apontam que a meta dos 2 graus Celsius só poderá ser alcançada se as taxas de emissão de gases-estufa caírem entre 40% e 70% até 2050. Para garantir o futuro das próximas gerações, as emissões de CO2 e similares terá que ser praticamente nula, até o fim deste século. No entanto, ressaltam, não basta diminuir a liberação de gases no meio ambiente. Para se chegar à ambiciosa meta de redução das mudanças climáticas, Edenhofer e seus colegas Ramón Pichs-Madruga, de Cuba, e Youba Sokona, do Mali, consideram ser essencial ter uma atmosfera completamente livre de CO2. O trio de cientistas não tem dúvidas de que a comunidade internacional precisa ser ágil em aplicar uma série de medidas a fim de limitar o aquecimento anual em apenas 2 graus Celsius. Por isso é fundamental cumprir a meta básica inicial de estabilizar a concentração dos gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera. Para conseguir isso, é necessário reduzir as emissões em todos os setores, seja na geração e consumo de energia, na produção de bens de consumo, alimentação, meios de transporte ou moradia. Cooperação internacional Os cientistas enxergam um grande potencial no desenvolvimento da eficiência energética e reflorestamento. Para eles, a adoção de tecnologias menos poluentes oferece uma grande chance de diminuir os custos que seriam empregados para minimizar as mudanças climáticas. Um melhor uso da terra é outro componente-chave desta equação. Desmatamento em menor escala e maiores áreas de reflorestamento podem, na avaliação dos especialistas, não apenas estancar a emissão de CO2 como até reverter o risco atual. Segundo o relatório do IPCC, o reflorestamento orientado pode até mesmo eliminar os gases-estufa da atmosfera. Os cientistas afirmam que o uso de biomassa e o armazenamento subterrâneo de CO2 podem surtir o mesmo efeito, mas alertam sobre os riscos que essas técnicas acarretam. Assim, o objetivo principal deve ser buscar maneiras de desatrelar o crescimento econômico da necessidade de emitir gases poluentes, ressalta Sokona no relatório. Edenhofer complementa: “A chave para reduzir o aquecimento global está no trabalho de cooperação internacional.” “Este relatório é muito claro sobre o fato de estarmos perante uma questão de vontade mundial, e não de capacidade”, afirmou o secretário americano de Estado, John Kerry, num comunicado em que comenta o relatório do IPCC. (Fonte: Terra)

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