quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Brasileiros testam uso do Viagra contra cegueira
Potência ocular
Pesquisadores brasileiros estão avaliando o possível efeito benéfico do sildenafil, que é o nome genérico do Viagra, para combater o glaucoma.
A ideia de usar um remédio contra a impotência sexual masculina para tratar a principal causa de cegueira humana surgiu a partir dos relatos informais feitos por urologistas de vários países ao longo dos anos.
"Alguns pacientes contam que, depois de começar a usar o Viagra, passam a enxergar melhor", conta José Luiz Laus, pesquisador da Unesp de Jaboticabal.
Glaucoma
O glaucoma é uma doença silenciosa que, se não tratada, causa lesão do nervo óptico e, como consequência, cegueira irreversível. Em boa parte dos casos, o problema é precedido do aumento gradual da pressão intraocular, contra o qual a terapia convencional é relativamente bem-sucedida.
Mas em muitos outros pacientes, essa alteração simplesmente não ocorre. Neles, a cegueira se dá após uma crise súbita de hipertensão ocular.
Essa forma fulminante responde por até 50% dos casos da doença entre afrodescendentes. E é também o tipo mais frequente em cachorros.
Corpos cavernosos
"Embora ainda não tenhamos terminado as análises estatísticas dos dados, dá para dizer que a droga melhora as condições de oxigenação da retina, porque faz passar mais sangue por ela", descreve Laus. "Ainda não sabemos o mecanismo pelo qual isso ocorre. A hipótese é que há uma dilatação da artéria oftálmica [que leva sangue à retina]."
Se assim for, seria um mecanismo parecido com o que a droga produz no corpo cavernoso do pênis, que, mais irrigado por sangue, mantém-se ereto.
Para o pesquisador, não surpreende o fato de que um dia o Viagra possa vir a tratar uma doença oftalmológica, possivelmente na forma de colírio.
"Isso é normal na farmacologia", diz. "O caso clássico é o da aspirina, que foi descoberta como analgésico, mas cujo uso mais importante atualmente é como anticoagulante sanguíneo, na prevenção de trombose, infarto e acidente vascular."
Polivalência farmacológica
O próprio sildenafil é um exemplo de polivalência farmacológica.
Além da impotência masculina, a droga é usada para tratar hipertensão pulmonar, inclusive em crianças.
Outra pesquisa demonstrou que o Viagra diminui os efeitos tóxicos da quimioterapia.
Infelizmente, a polivalência também ocorre na contramão: se pode melhorar a visão, já se demonstrou, por outro lado, que o uso de Viagra pode levar à perda de audição.
Mas, pelo menos no caso das aplicações sexuais, já existem pesquisas com um Viagra natural, uma erva chinesa mais eficaz e que não tem efeitos colaterais.
Revista Unesp Ciência
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