sexta-feira, 11 de maio de 2012
Publicado estudo sobre mutação do vírus da gripe aviária
Críticas
Depois de um longo e inusitado debate sobre dois estudos que mostram como o vírus H5N1, da gripe aviária, pode se tornar transmissível em mamíferos, um dos estudos foi integralmente publicado hoje (3 de maio 2012) na revista Nature.
Um painel de especialistas do governo norte-americano tentou impedir a publicação alegando risco de bioterrorismo. Foi uma das primeiras tentativas de censura à ciência a vir à tona e alcançar o debate público.
Tanto a revista Nature quanto a Science recusaram-se inicialmente a publicar os artigos.
A própria Organização Mundial da Saúde criticou duramente os cientistas que criaram o vírus mutante da gripe aviária.
OMS critica cientistas que criaram vírus mutante da gripe aviária
Puxão de orelhas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou duramente os cientistas que criaram em laboratório uma cepa mortal do vírus H5N1, da gripe aviária.
Duas equipes de cientistas, uma da Holanda e outra dos Estados Unidos, afirmam ter encontrado um modo de criar uma linhagem do H5N1 transmissível entre humanos, o que o torna capaz de provocar pandemias letais.
Anunciada nos últimos dias de 2011, a pesquisa ainda não foi aceita para publicação por nenhuma revista científica pelas preocupações éticas e pelo temor de que os resultados possam levar à criação de armas biológicas.
Até agora, nem mesmo os cientistas criadores dos vírus mutantes conseguiram justificar sua pesquisa ou demonstrar qualquer benefício que ela possa produzir.
Controle dos cientistas
Segundo a OMS, o trabalho dos cientistas criadores do vírus mortal deve ser rigidamente controlado, podendo ter riscos significativos à saúde humana em nível mundial.
"A Organização Mundial da Saúde está profundamente preocupada com as potenciais consequências negativas", diz a organização, destacando a transmissibilidade do vírus entre humanos e o possível mau uso da pesquisa como as maiores preocupações.
Assessores de segurança dos Estados Unidos também fizeram um pedido de censura inédito, temendo que a publicação de detalhes do estudo possa difundir conhecimento suficiente para a fabricação de uma arma biológica.
O Conselho Nacional de Ciência para a Biossegurança daquele país também pediu às revistas Science e Nature, às quais o trabalho foi submetido, que disponibilizem o estudo apenas em versões editadas, o que não foi aceito até agora.
Para a OMS, "embora esteja claro que o ato de conduzir pesquisas para obter conhecimento deve continuar, também está claro que certas pesquisas, e principalmente aquelas que podem gerar formas mais perigosas de vírus, têm riscos".
H5N1
O vírus H5N1 é extremamente mortal em pessoas diretamente expostas ao vírus de aves infectadas.
Desde que foi detectado, em 1997, cerca de 600 pessoas o contraíram e mais da metade delas morreram, uma taxa de letalidade inédita.
A letalidade só não é maior porque, até agora, não existia uma forma natural do vírus transmissível de humano para humano - o homem só adquire o H5N1 a partir das aves.
Mas os cientistas criaram artificialmente essa mutação, e nem mesmo as revistas científicas sabem como lidar com tal "descoberta".
A prestigiada Science fez um chamamento público, pedindo que os próprios cientistas sugiram como lidar com os resultados de tal pesquisa.
Benefícios incertos
O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos afirma que financiou os dois estudos sobre como o vírus poderia ficar mais transmissível em humanos com o objetivo de obter conhecimento sobre como reagir se a mutação ocorrer de forma natural.
Mas os estudos não indicam como destruir o vírus criado.
A OMS afirma que tal pesquisa deveria ser feita "apenas depois que tiverem sido identificados todos os riscos à saúde pública e benefícios importantes" e "houver a certeza que as proteções necessárias para minimizar o potencial para consequências negativas estejam em vigor".
Segundo a OMS, esse tipo de pesquisa deveria ser feito "apenas depois que tiverem sido identificados todos os riscos à saúde pública e benefícios importantes" e "houver a certeza que as proteções necessárias para minimizar o potencial para consequências negativas estejam em vigor".
Em Fevereiro deste ano, a organização tentou mais uma vez impedir a publicação:
Mutação induzida em laboratório
Há pouco mais de um mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um duro puxão de orelhas nos cientistas que criaram um vírus mutante da gripe aviária.
Graças à mutação induzida em laboratório pelos cientistas, o perigoso vírus H5N1 passou a ser transmissível entre humanos.
Desde que foi detectado, em 1997, cerca de 600 pessoas contraíram o H5N1 e mais da metade delas morreram, uma taxa de letalidade inédita - mas o vírus selvagem não consegue passar de uma pessoa para outra, apenas das aves para os humanos.
Com a modificação feita pelos cientistas, o perigo do vírus seria incalculável.
Censura à ciência
Desde então, tem havido uma controvérsia inédita sobre se o estudo científico relatando como os cientistas induziram a mutação no vírus H5N1 deve ser publicada ou não.
No mais recente capítulo da história, especialistas em saúde pública, reunidos em Genebra, não chegaram a um acordo quanto sobre a publicação da pesquisa.
Com isto, a reunião da OMS decidiu que mais discussões são necessárias e ordenou uma moratória de prazo indefinido sobre as pesquisas.
Segundo a organização, a sua publicação nas revistas científicas Science e Nature, que vinha sendo aventada, poderia dar ensinamentos a bioterroristas que queiram causar uma pandemia global.
Liberdade acadêmica
Os dois estudos foram submetidos às revistas científicas em novembro do ano passado, mas o NSABB (Conselho Científico para a Biossegurança Nacional dos EUA) pediu aos editores que omitissem partes dos artigos científicos, alegando que os detalhes poderiam ser usados por extremistas para desenvolver vírus poderosos.
A censura causou protestos entre cientistas, que alegam que a medida fere a liberdade acadêmica.
Alguns alegam até que os detalhes dos estudos já eram amplamente conhecidos no meio científico e que sua censura teria pouco efeito prático.
Desde então, os pesquisadores envolvidos nos estudos e os periódicos científicos vêm debatendo a questão.
http://www.diariodasaude.com.br/
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