quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Você sabia que a maior parte das células do seu corpo não é humana?
É de deixar qualquer um espantado: 90% das células presentes no nosso corpo não são humanas. Em outras palavras, você é muito mais micróbios do que você mesmo. Esses “invasores”, embora “invisíveis”, são fundamentais para o nosso equilíbrio. Mas qualquer deslize nesse ecossistema pode causar doenças, muitas delas graves. Por isso, não se descuide: o perigo mora dentro de você e também fora, na superfície da sua pele.
Especialista no tema, o pesquisador Luis Caetano Antunes, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, explica que os seres humanos são colonizados por mais de 35 mil espécies diferentes de bactérias, segundo algumas estimativas. “Lembrando que esse número não leva em conta vírus, protozoários etc”, esclarece.
Considerando apenas um indivíduo, a estimativa é de mais de mil espécies diferentes. “Já se você considerar cepas (que são indivíduos pertencentes à mesma espécie, mas com características peculiares), esse número sobe para mais de 7 mil”, diz. Se você pudesse colocar todas elas numa balança, os ponteiros marcariam aproximadamente 1 kg.
Essa microbiota (flora e fauna microscópica de uma região) é formada assim que chegamos ao mundo. Antunes afirma, inclusive, que bebês nascidos por parto normal têm micróbios diferentes daqueles que nascem por cesariana, pois o contato com o canal vaginal da mãe funciona como um “primeiro banho” de micro-organismos.
Intestino é albergue
Apesar de se estabilizar depois que a pessoa completa 1 ano de idade, a população de micro-organismos está sempre em evolução, graças ao contato com o ambiente externo. Assim, a variedade e a quantidade são maiores em locais mais expostos, como boca, pele, olhos, estômago, intestino, tratos respiratórios, genitais e urinários.
A parte do nosso corpo mais colonizada é de longe o intestino, com 70% do total de bactérias, segundo o pesquisador. “Um dos motivos é que o intestino possui uma quantidade grande de nutrientes para as bactérias. Além disso, ainda existem secreções, células humanas mortas etc”, diz Luis Caetano Antunes.
O especialista também chama atenção para o tamanho desse órgão, que é cheio de vilosidades (dobras, basicamente). “O intestino humano, quando esticado, tem área equivalente a uma quadra de tênis, ou cerca de 200 metros quadrados”, informa.
Médicos, cientistas e nutricionistas têm alertado para a importância da microbiota intestinal. Não é à toa que produtos com lactobacilos se tornaram mais comuns nas prateleiras dos supermercados.
Antunes descreve três funções principais desse exército de micróbios. A primeira é a nutrição: “Os micro-organismos intestinais auxiliam na degradação de nutrientes que o ser humano, sozinho, não conseguiria degradar”, diz. Além disso, eles produzem substâncias, como vitaminas, que nós não produzimos, e afetam as células para que elas consigam extrair mais energia da dieta.
A segunda é treinar o sistema imunológico, fazendo-o identificar o que representa ou não uma ameaça ao nosso organismo. “Um exemplo dessa função vem da observação de que hoje em dia as taxas de doenças relacionadas ao sistema imune (doenças alérgicas, principalmente) está muito mais alta, e isso tem sido associado ao uso indiscriminado de antibióticos, aumento no número de partos por cesariana e excesso de limpeza”, comenta o pesquisador.
A terceira (e não menos importante) missão da microbiota é nos defender contra agentes nocivos. “Sem as bactérias naturais do nosso corpo ficamos muito mais vulneráveis aos ataques de bactérias perigosas”, garante Luis Caetano Antunes, lembrando que há uma série de infecções que são mais comuns em pessoas com histórico de uso recente de antibióticos. “Eles matam as bactérias inofensivas, abrindo espaço para que outras bactérias invadam o nosso organismo e causem doenças.”
noticias.ambientebrasil.
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