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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O tempo para responder ao maior desafio do nosso Planeta é agora

A edição de setembro de 2014 da Eco21, uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, traz excelentes textos. Veja abaixo o editorial e o índice. No domingo 21 deste mês, milhões de pessoas saíram para a rua em todo o mundo se manifestando por ações mais contundentes em relação às mudanças climáticas; somente em Nova Iorque foram mais de 400 mil indignados marchando sob o lema “Inundemos Wall-Street”. O evento aconteceu poucas horas antes da Cúpula do Clima convocada pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon no mais alto nível político internacional. Estiveram presentes os mais importantes líderes políticos do mundo e o resultado foi numa verdadeira e boa surpresa: um a um os mais de 120 Chefes de Estado e de Governo, empresários e representantes da sociedade civil anunciaram compromissos para reduzir as emissões de carbono, aumentar a luta contra a mudança do clima e financiar ações efetivas para lutar contra essas alterações. A ONU espera arrecadar entre 10 a 15 bilhões de dólares após a Cúpula que serão destinados ao Fundo Verde para o Clima criado para apoiar os países em desenvolvimento na sua implementação de uma economia de baixo carbono. Muitos dos líderes ou representantes de governos presentes se manifestaram publicamente pela primeira vez. Um exemplo desse sucesso foi o anúncio da China, que é o maior poluidor da atmosfera do Planeta, de que estabelecerá em breve uma data limite para reduzir as suas emissões. Também houve pronunciamentos extraordinariamente otimistas, como o de Al Gore, ao fazer ênfase na acessibilidade das energias renováveis na atualidade, afirmando na abertura do “Climate Summit”, que se houvesse vontade política, em apenas seis anos, mais de 80% da população mundial poderia viver em regiões com energia limpa, livre da pegada de carbono, com preços iguais ou mais baratos do que a gerada por combustíveis fósseis. Outro exemplo das conquistas da Cúpula foi o anúncio do grupo petroleiro Rockefeller cujos herdeiros anunciaram que retirarão 860 milhões de dólares dos fundos de investimentos ligados aos combustíveis fósseis. Esta iniciativa faz parte de una coalizão nos EUA de más de cem instituições e milionários que se somaram a um movimento liderado por universitários, para excluir de suas carteiras de investimentos as ações vinculadas a empresas de combustíveis fósseis para, investir em fontes limpas. Nesse clima de empolgação pela luta contra as mudanças climáticas, a Presidenta Dilma disse no seu discurso “Reafirmo que o novo acordo climático precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante, respeitando os princípios e os dispositivos da Convenção do Clima, em particular os princípios de equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Este acordo deverá ser robusto em termos de mitigação, adaptação e meios de implementação. O Brasil almeja um acordo climático global, que promova o desenvolvimento sustentável. O crescimento das nossas economias é compatível com a redução de emissões”. Palavras que confirmam o verdadeiro objetivo da Cúpula promovida por Ban Ki-Moon: assinar em Paris, em 2015, a versão definitiva do Protocolo de Kyoto, envolvendo todos os países, inclusive os EUA, a China, Austrália e a Rússia. No meio das inúmeras reuniões paralelas ao avento, um grupo de empresas multinacionais como a Cargill, Mc Donalds, MKellogg’s, Procter & Gamble, etc., lançaram uma “Declaração de Nova Iorque sobre Florestas” sem nenhum valor institucional e sem o aval de nenhuma instância da ONU. Foi assinada informalmente por 28 dos 122 países presentes à Cúpula e por inusitados “Estados Subnacionais”, como foi considerado o Acre, no caso do Brasil. A Ministra Izabella Teixeira, ao esclarecer os motivos que levaram o Brasil a não assinar o documento, disse: “Não houve acordo, não houve negociação, mas apenas uma declaração”. Esta iniciativa visa regularizar o desmatamento realizado principalmente pelo agronegócio ligado ao óleo de palma nos países do Sudeste da Ásia e foi utilizado politicamente durante a campanha eleitoral no Brasil. Ban Ki-Moon, nos dias do eventos afirmou: “A mudança climática é uma questão definidora de nossa época; não existe um “Plano B” para deter o avanço das alterações climáticas, pois não existe um “Planeta B”. E, no encerramento da Cúpula do Clima 2014, ele declarou:“Hoje foi um grande dia. Um dia histórico. Nunca antes, tantos líderes se reuniram para se comprometer e agir contra a mudança climática; será lembrado como o dia em que decidimos, como uma família humana, colocar nossa casa em ordem para torná-la habitável para as gerações futuras; esta Cúpula mostrou que podemos enfrentar o desafio do clima”. Já Leonardo DiCaprio resumiu a voz das ruas ao pronunciar na Cúpula estas palavras:”As pessoas fizeram ouvir as suas vozes no domingo 21 em todo o mundo e esse movimento não vai parar. Agora é a vez de vocês. O tempo para responder ao maior desafio de nossa existência neste Planeta é agora”. (Eco21)

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