domingo, 26 de abril de 2015
Desperdício de alimentos custa milhões para as cidades
eria necessário um terreno na área do México para produzir a quantidade de alimentos que as pessoas produzem, mas não comem, a cada ano. Mais comida é desperdiçada na fase de consumo – nas residências, restaurantes e cafeterias – do que em outros estágios da cadeia.
Quase todas as áreas urbanas têm níveis altos de desperdício de alimentos – comida que poderia ser consumida quando chega às pessoas, mas é descartada antes ou depois de estragar. O desperdício de alimentos apresenta desafios significativos, mas também dá oportunidade para que as cidades reduzam as emissões de carbono e o desmatamento, além de mitigar o gasto de água com a agricultura.
Os custos ambientais da produção de alimentos
De acordo com as projeções, o mundo vai precisar aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050. Isso causará uma estafa significativa no planeta. A produção de alimentos tem altos níveis de emissões porque converte floresta e savanas, que armazenam carbono, em pastos ou terras de cultivo.
Por exemplo, na Indonésia, florestas tropicais estão sendo derrubadas para dar lugar ao cultivo de palma para produção de óleo, o fez do país o maior emissor de carbono por unidade de PIB. Além disso, 13% das emissões de carbono em 2010 foram de atividades agrícolas como criação de gado, uso de tratores e produção e uso de fertilizantes nitrogenados. A agricultura contribui com 24% das emissões de gases de efeito estufa, considerando a conversão de terras, explora 27% das terras do planeta e consome 70% da água doce no mundo.
Considerando o efeito em escala da produção de alimentos no meio ambiente, reduzir o desperdício e a necessidade de produção crescente pode nos impulsionar para um mundo mais sustentável.
A urbanização intensifica o desperdício de comida
De acordo com a Royal Society, consumidores de países com economia em desenvolvimento desperdiçam mais alimentos por causa do relativo baixo custo da comida, por causa dos padrões altos de aparência dos alimentos e falta de conhecimento sobre a realidade da produção de alimentos.
A urbanização traz esses três fatores no comportamento do consumidor porque quem mora na cidade ganha mais dinheiro que os trabalhadores rurais, tem altos padrões de aparência dos alimentos e compra alimentos nos supermercados.
Para deixar o desafio do desperdício de alimentos mais difícil, a ONU estima que até 2050, mais 2,5 bilhões de pessoas passará a viver em áreas urbanas. A população urbana corresponderá a dois terços da população mundial. Como resultado, o desperdício de alimentos deverá crescer significativamente até 2050 na maioria das cidades.
O desperdício de alimentos já está crescendo mundialmente. Por exemplo, em várias cidades chinesas, como Pequim e Xangai, alimentos já correspondem de 50% a 70% dos resíduos municipais. Vale considerar que há consumidores de países em desenvolvimento que não tem condições de refrigerar a comida em casa para preservá-la.
Nas cidades surgem soluções inovadoras
Felizmente, alguns governos, organizações não governamentais e empresas privadas já estão explorando métodos inovadores para reduzir o desperdício de comida.
Por exemplo, algumas instituições estão redistribuindo alimentos para as pessoas que precisam. A FoodBank South Africa recolhe mais de 4 toneladas de comida anualmente e distribui mais de 14 milhões de refeições com a ajuda de organizações sem fins lucrativos da Cidade do Cabo, Joanesburgo e Durban. Seul, na Coreia do Sul, está implementando uma política de cobrar a população, organizações e restaurantes que desperdiçam comida. Isso irá estimular os restaurantes a reduzir o tamanho das porções e encorajar as pessoas a não comprar comida que eles não vão consumir.
Em fevereiro de 2014, Hong Kong definiu uma meta de redução de desperdício de comida em 40% até 2022, considerando os parâmetros de 2011. O relatório foca no aumento de consciência do desperdício de alimentos e a reciclagem de restos de alimentos em compostagem ou queima para produção de energia. Por exemplo, 75% dos detentos do Instituto Lo Wu se voluntariaram a receber porções menores de comida, o que traz uma economia de 500 tigelas de arroz por dia.
As cidades devem enfrentar, com urgência, o crescente desperdício de alimentos no mundo. O Programa Waste Resources and Action (WRAP) calculou que o custo dos alimentos que não são consumidos chega a 400 bilhões de dólares anualmente, o que significa um forte motivo financeiro para agir. O Instituto World Resources está liderando o desenvolvimento do Food Loss and Waste Protocol, que permitirá às cidades e entidades relatar o desperdício de alimentos de forma prática, com credibilidade e de forma consistente, internacionalmente. E, finalmente, o rascunho atual das metas de desenvolvimento sustentável da ONU (Sustainable Development Goals – SDGs) têm como meta “reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita globalmente, a nível de varejo e consumidor” até 2030.
As cidades têm um papel indispensável no combate ao desperdício de alimentos, o que pode ajudar a alimentar 9,5 bilhões de pessoas com menos emissões de carbono e menor impacto sobre os recursos naturais. (Akatu/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no blog The City Fix, da World Resources Institute e retirado do site Akatu.
(Akatu)
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