sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Projeto de preservação de nascentes é destaque em Muriaé/MG
Em Muriaé, na Zona da Mata mineira, um programa socioambiental chama a atenção. Desde julho de 2014, o projeto Renascer já realizou ações de preservação em várias nascentes de mananciais no município. O programa é uma parceria entre a Prefeitura, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
Até o momento, 20 nascentes já foram protegidas na cidade. Foram 15 quinze na comunidade de Água Limpa do Pontão, importante produtora de hortaliças da região, duas no distrito de Belisário, uma em Pirapanema, uma no Bairro Edgar Miranda e uma na Barra.
No projeto, os arredores de cada fonte de água são cercados e várias árvores são plantadas. As ações são realizadas depois da autorização e anuência dos produtores rurais de cada local. Eles se comprometem a manter o local preservado e cuidar para que as árvores não sejam cortadas. Em troca, recebem o plantio de mudas de árvores nativas.
Segundo a secretária de Meio Ambiente da cidade, Juliana Guarino, a ideia é garantir tranquilidade para o futuro. “O projeto representa um importante avanço na conservação das nossas nascentes. Precisamos que cada cidadão se conscientize cada vez mais, para que as consequências sejam menores durante os períodos de seca”, disse.
O ambientalista Renato Sigiliano ressalta a importância de projetos como este na região, principalmente a conscientização dos produtores rurais. “O produtor passa a perceber que sua propriedade é mais valorizada se tiver água.”. E alerta para os efeitos futuros de comunidades que não seguem este exemplo. “Esta crise hídrica trouxe uma lição que precisa ser bem assimilada: ou mudamos nossa maneira de gerir os recursos naturais ou a situação vai piorar, trazendo prejuízos incalculáveis, inclusive relacionados à saúde”, disse.
Sigiliano diz que os primeiros resultados do programa devem começar a aparecer em até quatro anos. “Nascentes que estavam secas voltam a brotar água, as que secavam na estiagem vão ter água o ano todo”. No entanto, mudanças mais complexas, como a melhora da climatização do entorno das nascentes, é percebida a partir de oito anos após a finalização do projeto.
O ambientalista também chama atenção para as ações conjuntas que, segundo ele, não são realidades atuais. “A conservação, preservação e recuperação de nascentes é um dos pilares da gestão hídrica, mas precisam vir acompanhadas de outras ações, que não estão sendo feitas em Muriaé e nos municípios vizinhos. Há boas práticas em andamento, com resultados, que poderiam ser seguidas. Mas não é o que a gente observa aqui, infelizmente”, afirmou.
Ele ainda cita os alguns projetos que poderiam auxiliar. “Em termos ambientais, a administração pública de Muriaé deveria elaborar um Plano Diretor Arbóreo e um levantamento das nascentes no perímetro urbano. Novos hortos florestais são extremamente necessários na cidade, além da preservação integral das matas que sobraram”. E completa. “As mudanças climáticas, alertadas pelos cientistas há pelos menos 30 anos, estão se acentuando. As cidades precisam se adaptar, aumentar a resiliência para enfrentar situações extremas.”.
A Prefeitura garante que o uso consciente dos recursos hídricos é um ponto importante na gestão atual, visto que a cidade é cortada por três rios. O município vem desenvolvendo, em parceria com o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul (Ceivap), o Programa de Revitalização de Microbacias Municipais. Nele, os produtores rurais que atuam a favor da preservação de nascentes e córregos em suas propriedades podem ser recompensados pelo pagamento de serviços ambientais, como conservação de estradas, criação de curvas de níveis e implantação de fossas sépticas. Isso promove o uso sustentável dos recursos hídricos e melhora das condições socioambientais e da qualidade da água. (Fonte: G1)
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