Francisco de Assis Esmeraldo
Insuflado por um ecomarketing desprovido de seriedade e sem maior compromisso com o rigor técnico, o debate sobre a correta utilização de sacolas plásticas assumiu um caráter emocional. Ficou distante até da boa intenção dos ambientalistas que o iniciaram, pensando ingenuamente que banindo os sacos plásticos contribuiriam para a preservação ambiental.
Insuflado por um ecomarketing desprovido de seriedade e sem maior compromisso com o rigor técnico, o debate sobre a correta utilização de sacolas plásticas assumiu um caráter emocional. Ficou distante até da boa intenção dos ambientalistas que o iniciaram, pensando ingenuamente que banindo os sacos plásticos contribuiriam para a preservação ambiental.
Esta fuga da racionalidade agravou-se depois de alguns governos estaduais e municipais tentarem obrigar o varejo a substituir as sacolinhas por sacolas oxidegradáveis, incorretamente e marqueteiramente denominados de oxibiodegradáveis. Não sabiam que estas embalagens sim são danosas ao meio ambiente, por não serem passíveis de reciclagem mecânica e se converterem em um pó que poderá ser ingerido pela fauna e contaminar os cursos d¿água, comprometendo a qualidade de vida das gerações futuras.
Indispensáveis - O fato é que as sacolas plásticas se tornaram indispensáveis à vida moderna, assim como os demais produtos feitos com esse material. Práticas, modernas, econômicas, higiênicas, inertes, acessíveis, reutilizáveis, 100% recicláveis e com elevado conteúdo energético, as sacolinhas vieram para ficar.
Pequisa feita pelo Ibope comprovou que 100% dos consumidores reutilizam as sacolinhas para acondicionar o lixo doméstico e 71% as consideram a forma ideal de transportar as compras. Por isso, 75% disseram ser amplamente favoráveis ao seu fornecimento pelo comércio varejista.
Entretanto, dois fatores contribuíram para prejudicar essa percepção positiva. Primeiro, o mercado foi abastecido por sacolinhas mais finas, que não atendem à qualidade mínima exigida pela Norma Técnica ABNT 14.937. Isso obrigou os consumidores a colocar um saco dentro do outro para carregar produtos mais pesados, ou enchendo-as somente pela metade gerando grande desperdício.
Outro fato foi o descarte incorreto das sacolas, principalmente em bairros desprovidos de coleta de lixo. Abandonados em sarjetas ou córregos d`água, esses sacos tornaram-se a parte visível de uma poluição causada por outros dois problemas graves: a falta de educação ambiental de boa parte da população e a ausência de coleta de lixo e de coleta seletiva.
Educação - Foi com base nesse diagnóstico que a Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief) e o Instituto Nacional dos Plásticos (INP) iniciaram com sucesso em 2007 o Programa de Qualidade e Consumo Responsável das Sacolas Plásticas, em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Dentro do programa, a distribuição de sacolas mais resistentes e a educação dos funcionários e consumidores dos supermercados para que aproveitem integralmente a capacidade dessas embalagens otimizou sua utilização e acabou a necessidade de colocar uma sacola dentro da outra.
Resultado nas redes de varejo que abraçaram o programa: se reduziu o consumo de sacolinhas em até mais de 30% e se conscientizou a população a não desperdiçá-las.
Baseado no princípio dos 3 R's - Reduzir o consumo de sacolinhas, Reutilizá-las para acondicionar lixo e para uma infinidade de outras aplicações, e Reciclá-las destinando-as à coleta seletiva -, o programa entra agora em uma segunda fase, com a Campanha Nacional de Educação Ambiental, por intermédio de uma ampla exposição publicitária na mídia.
Reciclagem energética - Em inserções nos principais veículos de comunicação do país, estamos demonstrando que as sacolas plásticas são indispensáveis à vida moderna e merecem por parte dos consumidores uma utilização ambientalmente correta, por meio da prática dos 3 R's.
Como novidade, estamos estimulando o debate sobre a reciclagem energética dos plásticos. Ela está prevista na Lei Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo e foi incorporada no projeto da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A idéia é trazer para o Brasil o que já vem sendo praticado com sucesso em 850 usinas de 35 países, que transformam 150 milhões de toneladas de lixo por ano em energia, por meio de processamento não-poluente. Os resíduos gerados por uma cidade com 180 mil habitantes podem produzir energia suficiente para 56 mil pessoas.
Nessa direção, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e a Plastivida firmaram recentemente um convênio, para estudar a viabilização dessas usinas no Brasil, dentro da ótica do desenvolvimento sustentável.
Desta forma, estamos reintroduzindo a racionalidade no debate, com a mensagem de que os plásticos são sustentáveis: só depende de nós aplicarmos os 3 R¿s na sua utilização.
Francisco de Assis Esmeraldo, 67 anos, é engenheiro químico, presidente da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos e membro dos conselhos ambientais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro e da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
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